quinta-feira, 12 de julho de 2012

Moradores e Associações comunitárias relatam impactos de projetos corporativos no Bairro 2 de Julho

Moradores e Associações comunitárias vão relatar, em Audiência Pública, os impactos de projetos corporativos que estão vivenciando no Bairro 2 de Julho. No dia 26 de abril a Prefeitura Municipal de Salvador lançou o denominado “Projeto de Humanização do Bairro Santa Tereza”. Este fato tem suscitado profundas críticas de diversos grupos e segmentos da sociedade civil, notadamente dos moradores e usuários do Bairro 2 de Julho. De início, a poligonal do Projeto secciona 15 ha da área ocupada do Bairro 2 de Julho, indicando um conjunto de intervenções que até agora só tem fortalecido uma concepção excludente de Urbanismo corporativo empresarial. De acordo com diversos intelectuais, pesquisadores e ativistas que defendem o Direito à Cidade, a natureza desta concepção já detonou vários processos de segregação, gentrificação e expulsão de populações vulneráveis, moradora e usuária do Bairro 2 de Julho e entorno, tais como : • O fato da poligonal do Cluster Santa Tereza estabelecer uma divisão do Bairro 2 e Julho, polarizando uma concentração de recursos que induzem ao acirramento da segregação e das desigualdades espaciais e urbanas; • A ação gentrificadora pela qual teve início o projeto do Cluster Santa Tereza. 14 (quatorze) casas, situadas próximas ao Museu de Arte Sacra, da Vila pertencente à Arquidiocese de Salvador, foram vendidas, ainda que estivessem habitadas. O objetivo era a construção, nesse local, de um hotel de luxo da grife TXAI; • Tentativa de despejo pelos proprietários de imóveis ocupados por inquilinos de baixa e média rendas, para viabilizar a venda de tais imóveis para destinação de empreendimentos de luxo e de alta lucratividade. Exemplo emblemático é a ameaça de despejo sofrida pelos moradores da Vila Coração de Maria pela Irmandade São Pedro dos Clérigos. • Aprovação e licenciamento pela Prefeitura Municipal de Salvador de atividades incompatíveis com equipamentos públicos pré existentes, que oferecem serviços públicos essenciais aos moradores e usuários do Bairro 2 de Julho e outras áreas adjacentes do Centro Antigo de Salvador. Exemplo grave refere-se ao Colégio Ypiranga, de ensino fundamental, que atende as crianças de famílias pobres do 2 de Julho, Gamboa e outras localidades do entorno, e que tem suas atividades ameaçadas pelo impacto causado pela construção do empreendimento hoteleiro de luxo Clock Marina Residence, situado em lotes contíguos ao colégio. • Aumento do preço dos aluguéis pelos proprietários especuladores que desejam ampliar suas rendas imobiliárias, substituindo os atuais inquilinos, majoritariamente de média e baixa renda, por outros de segmentos de alta renda.
A Audiência Pública é promovida pela Subcomissão Especial de Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (ALBA) em conjunto com a Comissão de Reparação da Câmara Municipal e será realizada, no dia 12/07 (quinta-feira), a partir das 17h, no Centro Cultural da Câmara.

Um comentário:

  1. E como foi?
    Poste mais noticias.
    Para aqueles que estão acompanhando os processos de longe, seu relato é fundamental.
    obrigada desde já.
    Julia

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