sábado, 23 de julho de 2011

"O projeto petista encalhou, uma precisa de revisão"


Claudio Leal

"O projeto petista, no Brasil, precisa de uma revisão. Ele encalhou. Nós estamos vivendo um momento de estagnação. Total", criticou o jornalista e mestre em filosofia política pela PUC-SP, Francisco Viana, que lançou este mês o livro "Marx e o labirinto da utopia".

A obra investiga as relações entre o filósofo e economista alemão Karl Marx e o pensamento de utopistas do século XIX, como Charles Fourrier, Saint-Simon e Robert Owen.

Colunista de Terra Magazine, Viana já foi repórter e editor no jornal O Globo e nas revistas Senhor e Istoé.

Desde 1993 ele se dedica à Comunicação Organizacional, com especialidade em gestão de crises e planejamento estratégico.

O livro está disponível, em versão digital, na loja virtual Amazon.

- A luta humana de Marx para cá, dos utopistas para cá, é a luta por uma reforma ativa. Os utopistas acabaram pegando em armas, e eram contra as armas - afirma Viana.

"Todos se interrogaram quanto à antecipação do futuro, sem a exploração do homem pelo homem, sonho perseguido desde a Grécia Antiga e que ganhou intensidade no Renascimento. Trata-se de uma vontade que hoje se encontra sufocada pelo consumismo, mas que está ressurgindo e vai ganhar força crescente. O importante, e nós vamos conquistar, é construir uma democracia como a grega, só que sem escravos", analisa Viana, em "Marx e o labirinto da utopia".

Nesta entrevista, Viana associa seu livro ao debate sobre as contradições do crescimento econômico brasileiro.

"Nós estamos vivendo uma ilusão. Onde está o projeto de esquerda ou à esquerda no Brasil? Não existe. Onde está a utopia brasileira? Comprar mais carros?", questiona.

Terra Magazine - Qual a atualidade de falar do marxismo num momento de crise financeira mundial?

Francisco Viana - O marxismo não se concluiu. É uma questão em aberto. Porque, na verdade, o marxismo nunca existiu. O que existe é o pensamento de Marx, uma outra coisa diferente do marxismo. Tanto que, na minha tese de mestrado na PUC (SP), em nenhum momento eu usei a palavra "marxismo". Usei "pensamento marxiano". Porque há uma grande diferença entre o marxismo e o pensamento de Marx. O pensamento de Marx foi o que ele concebeu como emancipação do homem. É a emancipação do trabalho. Se você olhar, o que é a vida, hoje? Vamos esquecer a sociedade de classes, vamos esquecer o capital... E vamos pensar no seguinte: o que é a vida? É uma batalha infernal pela sobrevivência. Que, guardadas as proporções, é uma batalha pior hoje do que no tempo do homem primitivo. O homem lutava contra as feras e o meio ambiente. Essa batalha mudou de forma, mas o conteúdo dela é o mesmo.

Marx pensou numa sociedade livre da ditadura do trabalho. Ele diz isso em sua obra, principalmente "A Ideologia Alemã" (1845-1846) e "A Sagrada Família" (1845) e, condensado, em "O Capital"... A luta do homem influencia as relações do homem consigo próprio e com a produção. Qual é a diferença entre uma Mercedes e um fusca? A publicidade. O fusca anda, e a Mercedes anda. Qual é a diferença entre um cara com muito dinheiro e o cara que não tem dinheiro? Nenhuma. O que vai definir o ser humano é o conteúdo, não a grana que ele tem. Essa capacidade, maior ou menor, que a pessoa tem de ser escrava ou não ser escrava da produção, é que vai diferenciar o ser humano. Então, Marx não morreu. O que definhou foi o marxismo, porque conseguiu em grande parte eliminar a economia de mercado, mas não conseguiu aquilo que Marx mais desejava: o homem pleno, livre. A dificuldade das sociedades de hoje é que, cada vez mais, as pessoas são livres, mas permanecem escravas do capital e do trabalho.

Mas houve um refluxo desse marxismo, que inevitavelmente é associado ao pensamento de Marx.
E não podem ser dissociados, até porque essa vertente do pensamento de Marx é leninista. Por sua vez, é a vertente que vem do jacobinismo, de Robespierre. Não é uma coisa estranha ao pensamento de Marx. Há um momento da vida de Marx, o da Comuna de Paris, que ele chega à conclusão de que você só conseguiria vencer a sociedade de classes pela força. Curiosamente, não foi ele que chegou a essa conclusão.

Quem foi?

A originalidade do meu livro não está na discussão de Marx, mas no entrelaçamento entre o pensamento de Marx e os chamados "utopistas", na definição de Engels. Os utopistas são três: Charles Fourrier, Saint-Simon e Robert Owen. Esses utopistas defendiam uma transição pacífica para o socialismo. Mas, curiosamente, são eles que vão empalmar a luta armada em 1848, quando há uma grande revolução europeia, que acontece quase que simultaneamente ao lançamento do Manifesto Comunista, mas que não foi um movimento motivado pelo Manifesto. Foi um movimento que já tinha uma raiz utópica, quer dizer, uma raiz do desencanto do utopismo e que vai chegar no seu ápice em 1870, que é quando fecha o ciclo da Revolução Francesa. Ela não termina com Napoleão, é a tese que eu defendo. Mais uma vez, ela vai ser incentivada pelos utopistas.

Uma coisa curiosa: Marx foi contra a rebelião no início. Sempre foi contra rebeliões. Ele entendia que o operariado só devia se levantar se estivesse organizado e consciente do que iria acontecer. Mas ele se torna a favor, é o principal escritor e propagandista, com o risco da própria vida, inclusive, em Londres, porque foi acusado de sedição, de querer exterminar a coroa... Ele é contra antes, mas quando acontece, empalma o processo. Lênin percebeu isso. Se nós formos ver também a história, Lênin vai pregar a Revolução Russa quase que por um impulso das contingências, mas não porque ele pensasse no levante. Os bolcheviques eram minoria.

Não há um descrédito da palavra "utopia"?

O que ocorreu para haver esse desgaste? Hoje, a utopia é uma coisa improvável.
Mas isso aí já existia nessa época. E eu falo muito. Foi um trabalho que a direita e os conservadores conseguiram fazer e foram vitoriosos. Como nasce a utopia? Ela existe desde os tempos mais pretéritos, desde a Grécia antiga. A utopia era a mudança da vida social. Não é nada mais do que algo que ainda não aconteceu. Quando Thomas More escreve "Utopia", era uma sociedade igualitária. Agora, o grande utopista foi Marx. Quem criou a designação "os utopistas tradicionais" foi (Friedrich) Engels. Ele articulou, embora Marx fale muito dos utopistas, das propostas utópicas. Porque ele não acreditava na reforma. Ele entendia que as coisas só seriam mudadas se houvesse uma revolução. Não é por acaso que Marx entende que a revolução do proletariado acabaria com as classes. Ele entendia o proletariado como todos aqueles que abraçam a causa do trabalho, e não aqueles que abraçam a causa da exploração e a acumulação do capital. Marx era um leitor assíduo dos utopistas. Lia Bacon. Ele cita Thomas More não como um utopista ou um romancista, ele o cita como uma fonte real. Cita como se fossem fontes. Essa é uma parte de Marx que foi pouco lida e discutida.

Esses livros foram descobertos por acaso, numa época em que o stalinismo estava em alta. A reconstrução da obra de Marx, na União Soviética, foi uma epopeia. Porque a Alemanha, que detinha a obra de Marx, se recusava a que os livros saíssem de lá. Então, os livros tiveram de ser copiados. Reelaborar essas obras de Marx foi um trabalho infernal, no final do século 19, depois da morte de Marx, quando Engels começa a reconstituir a obra de Marx, um trabalho de aplanamento... Marx era desorganizado. Engels que fez esse trabalho. Eles se aproximaram mais pelas diferenças do que pelas similitudes. Marx era um cara que gostava do casamento, era bagunçado, não gostava do dinheiro, escrevia hoje uma coisa e amanhã não concluía. E Engels percebeu que Marx era um gênio. Como era um cara que nunca casou, totalmente contrário a essa história, Engels era organizado em tudo. Quando Marx morre, ele era conhecido dos russos. Os russos começam a se aproximar ainda antes da morte.

Como evoluiu a recepção a Marx é uma história à parte? De que forma o pensamento de Marx é usado, hoje, para explicar a crise econômica de 2008?

Há uma tentativa, há um caminhar de se rediscutir Marx. Qual é a atualidade de Marx? Outro dia, com um amigo que gosto muito, mas não leu Marx, eu estava falando da "Economia Política". E ele me corrigiu: "Você está querendo dizer 'a política econômica'?". A economia política é onde aqueles que detêm o poder, a força, o capital, dão o golpe na sociedade. A atualidade de Marx não está, hoje, na luta de classes, até porque a classe operária, que Marx conheceu, se diluiu. Hoje nós temos a classe trabalhadora, que envolve, inclusive, os executivos das grandes empresas. É outra coisa que as pessoas têm dificuldade em perceber. Na essência, embora Marx tenha criticado Hegel a vida toda, Marx nunca deixou de ser hegeliano, nunca abandonou a teoria do escravo e do senhor, de que o que diferencia o senhor do escravo é que o senhor não tem medo de morrer. O escravo tem. Há duas consciências. A ativa e a passiva. Marx sempre imaginou a consciência dialética, e a ativa que vai criando a consciência no embate. Todos esses movimentos de defesa do consumidor, de justiça, se isso fosse levado à prática, acabaria com o capitalismo.

Mesmo com a regulação?

Mesmo. Sempre gosto de temas cotidianos. A mulher do call-center. Imagina se ela chega e diz: "Eu me recuso a ligar para o cliente na hora tal". Imagina se os publicitários dissessem que, a partir de hoje, eles não iludiriam mais as pessoas com as propagandas. Imagina se todos nós passássemos a ter atitudes coerentes com o que se chama de ética. Marx nunca abraçou o sentido da ética tal como ela é concebida, a ética discursiva. Ele sempre abraçou a ética prática, de classe. Se a gente transpusesse esse sentido que está na "Sagrada Família" para os dias de hoje, o que seria a ética? A ética do cidadão. O cidadão dizer: "Não vou enganar o outro". O que Marx ambicionava, no fundo, era a verdade e o bem. Conheço pessoas que dizem: "Eu sou um ser ético". Ele é ético até o momento em que haja um conflito entre o interior e o exterior dele. E há essa coisa: "Mas é o meu emprego, o meu trabalho...".

Hegel tinha a consciência e a percepção de que há um momento, no mundo, em que as antigas práticas acabam. Mas, na realidade, eles não acabam. Vamos pegar um exemplo atual. O duelo entre o Pão-de-Açúcar, de Abílio Diniz, e o grupo francês Casino. Vamos fazer uma análise hegeliana do termo. São dois senhores brigando. Duas pessoas que não têm medo de morrer. Qual é a diferença? O presidente do grupo Casino (Jean-Charles Naour) é uma pessoa sofisticada, do mundo, um comunicador de primeiríssima linha, que deu um tiro mortal no Abílio Diniz. Qual foi o tiro mortal? A palavra "expropriação". Aí está a nuance. Abílio Diniz se comporta como senhor, mas ele só sabe lutar como o antigo senhor de engenho. Ele não tem a sofisticação do outro. Ele nunca discutiu a palavra "expropriação".

É também uma guerra semântica?

Sim. A palavra "expropriação" vai surgir na Inglaterra na época em que surge "utopia", no século XVI, quando a elite inglesa expropria as terras da Igreja. Quer dizer, se ele (Abílio) tivesse esse estofo intelectual para o enfrentamento, a guerra deixaria de ser semântica. Não podemos, numa sociedade que pretenda ser socialista, abolir o empresário. Porque tem uma energia para levar a sociedade adiante. Mas esta energia tem que estar sob controle. O próprio governo brasileiro recuou porque não teve capacidade de discutir essa palavrinha, "expropriação".

Como o Brasil se situa no debate sobre Marx?


Não se situa. O Brasil está vivendo a ditadura da economia, no pior sentido.

Mesmo com o Partido dos Trabalhadores?

Mesmo com o PT, e sobretudo com o PT. Veja, eu votei na Dilma, entendo que o projeto includente da sociedade é o melhor que tem, mas isso não abstrai a crítica à esquerda. Qual é o sentido de você promover uma inclusão social? Uma inclusão que se dê apenas pelo consumo pode guinar à direita ou à esquerda...

Pode conduzir a uma nova crise?

A uma crise imensa. Nós não temos, de um lado, aproveitado esse largo período de liberdade para criar uma consciência social, uma participação ativa na vida social, a partir do próprio exemplo da classe dominante. Quando falo na classe dominante, não estou falando de burguesia e proletariado, mas dos que organizam intelectualmente o poder. Veja o caso Palocci. Quem melhor definiu foi um prefeito do interior de São Paulo: "Palocci tinha se aburguesado". Vamos deixar de lado a questão do que devia se investigar na vida dele, o tráfico de influências etc. Palocci se tornou outra pessoa. Ele perdeu a raiz, a matriz de onde ele veio. Aí está a diferença. Os grandes revolucionários eram homens íntegros. Robespierre era chamado de "o incorruptível". Nós estamos vivendo uma ilusão. Onde está o projeto de esquerda ou à esquerda no Brasil? Não existe. Onde está a utopia brasileira? Comprar mais carros? Ter mais financiamento?

Que é uma coisa que foi muito propagada e defendida por Lula, no governo passado. Para onde caminha o crescimento brasileiro?
Tenho muita dificuldade de projeção. Mas os indicadores são de que nós não resistiríamos à primeira crise. As crises são contidas pelo consumo. Estamos repetindo, no Brasil, com a diferença de que temos um espaço grande a ocupar, o mesmo movimento neoliberal do mundo inteiro: política sem massa. A diferença é que Lula é uma pessoa orgânica. Veio de dentro do movimento sindical...

E tem a percepção da pobreza.

Quase de um pai: "Segura a barra, contenha a ansiedade". Se formos destampar a panela, o que vai acontecer? Hoje, por que o Brasil precisa sediar uma Copa? Qual é a vantagem? Qual é a utopia brasileira? Qual é o sonho brasileiro? O Brasil é, ainda, uma grande miragem. Com dados bons e perspectivas, mas sem mudanças que alterem a economia política, sem um trabalho das entidades de trabalhadores para que as pessoas tenham realmente consciência do que elas estão fazendo.

Ultimamente, não se fala mais em reformismo do que em revolução, até por influência de Gramsci?

Se for um reformismo efetivo e consciente, ele é muito mais contemporâneo do que a revolução pela revolução. Porque o pensamento de Marx, se nós formos olhar no conteúdo, é muito mais reformista do que revolucionário. A expressão "ditadura do proletariado" surge na medida em que a reação vai se ativando e a capacidade do trabalhador de enfrentamento dessa sociedade vai se arrefecendo. A luta humana de Marx para cá, dos utopistas para cá, é a luta por uma reforma ativa. Os utopistas acabaram pegando em armas, e eram contra as armas. Por que estigmatizam tanto o agitador? Uma pessoa motivada, consciente, arregimenta os outros - e essa pessoa é, naturalmente, considerada diferente e excluída. O mérito do Lula, seguramente, foi isso. Não de fazer reforma econômica, mas de mostrar que é possível que o trabalhador, no sentido amplo, mude, tenha um projeto diferente. Mas esse projeto petista, no Brasil, precisa de uma revisão. Ele encalhou. Nós estamos vivendo um momento de estagnação. Total. Não é por causa da Dilma ou de indivíduos. É por causa do projeto, que precisa ser revisto. Ele completou o ciclo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Agressões e mortes exigem criminalização "urgente" da homofobia, defendem especialistas

Crimes recentes e chocantes como a agressão a pai e filho confundidos com um casal gay em São João da Boa Vista (SP), no último fim de semana, ou o assassinato do operador Danilo Rodrigo Okazuka, 28, em Barretos, nesta terça (19), representam picos de violência que só podem ser revertidos caso se defina, “com urgência”, uma legislação específica que criminalize a homofobia.A opinião é compartilhada por juristas e advogados especialistas em segurança pública e na defesa dos direitos de minorias consultados pelo UOL Notícias nessa terça-feira (20) --um dia depois da morte de Okazuka, segundo a polícia, por motivação homofóbica, e um dia após o juiz em São João ter negado a prisão preventiva de um dos agressores confessos do pai do jovem de 18 anos. Ele abraçava o próprio filho em uma feira agropecuária da cidade, pouco antes do ataque, e instantes depois de ter sido abordado por um grupo que questionava se eles eram um casal homossexual. O rapaz se feriu sem gravidade, mas o pai perdeu a maior parte da orelha direita.Os três especialistas ouvidos pela reportagem se mostraram preocupados com a frequência de casos --que se "popularizaram" na mídia principalmente após sucessivos ataques a gays na avenida Paulista, no ano passado, em São Paulo --e com a violência empregada contra pai e filho no interior paulista. Paralelamente, no Congresso brasileiro, o projeto de lei complementar que criminaliza a homofobia, o 122/2001, não tem sequer perspectiva de ser levado a votação, ante a grande resistência à matéria principalmente entre as bancadas religiosas. Mês passado, porém, o STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

"Insensibilidade" na magistratura

Para Walter Maierovitch, desembargador do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) e presidente e fundador do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone de Ciências Criminais, a recente aprovação de mudanças nos critérios para prisões preventivas pode reforçar a conduta de criminosos que agem também contra as chamadas minorias.Pela alteração vigente desde o último dia 4, por exemplo, pessoas que cometerem crimes leves --aqueles puníveis com até quatro anos de prisão –, e nunca antes condenadas por outro delito, só serão presas em caso de condenação final, em situações de violência doméstica ou quando houver dúvida sobre a identidade do acusado. Não é o caso, portanto, do agressor confesso do interior paulista.“Atravessamos um momento muito difícil, e a opinião pública quer mudanças.

Mas infelizmente temos leis equivocadas e morosidade na Justiça, o que só faz aumentar o sentimento de impunidade e a sensação de medo”, destacou. Na avaliação do jurista, mesmo que o conjunto de leis nem sempre atenda a demanda a contento, também há “a insensibilidade de muitos magistrados que, cada vez mais, adotam uma linha ideológica perigosa”: “Uma prisão dessas [em caso de homofobia] nada tem a ver com prisão de sentença final, é uma medida de segurança social. Manter soltas pessoas que violam direitos elementares, que não conseguem ter uma visão de sociedade igualitária, é algo muito perigoso ---são crimes de caráter grave, ou, como no caso desse pai agredido, gravíssimo: são pessoas que não conseguem dominar os próprios impulsos”, defende.Maierovitch se diz contrário à criminalização da homofobia por avaliar --a partir de outros países que criminalizaram, por exemplo, o uso de entorpecentes --que a medida não reduziria os casos. Mas ressalvou: “Ainda que eu não acredite que criminalizando se vá reduzir o número de casos, estamos em um estágio perigoso legitima, sim, a criminalização. É pela educação e por mudanças culturais que isso se resolve, mas esses bandos têm saído impunes e não dá para a sociedade ficar sem uma resposta”.

Reforço na luta pela criminalização

Para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), situações como as registradas em Barretos e São João da Boa Vista não tiram a força da discussão sobre a criminalização.“Temos uma legislação estadual em São Paulo [a lei 10.948/2001] que pune homofobia na esfera administrativa --com multas e outras sanções, por exemplo, a quem discrimina essas minorias no comércio. Mas não há nada no sentido de criminalizar, por isso precisa haver lei federal”, pondera a presidente da comissão de Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB-SP, Adriana Galvão. “E o Congresso tem que refletir sobre isso, pois daqui a pouco não teremos mais o limite do respeito em nenhum aspecto --senão é muito simples uma pessoa simplesmente caminhar, conversar e outros acharem que, homossexual, ela tem que ser agredida”, destacou.Conforme a advogada, a comissão foi criada em janeiro deste ano e, de março até semana passada, recebeu pelo menos 38 denúncias de supostas vítimas de homofobia. O número é considerado alto pela comissão. “Não há o Estatuto do Idoso, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a Lei Maria da Penha? Precisamos sim de uma lei que proteja o homossexual, pois está em grupo que é vitimizado –inúmeras vezes, verbalmente, mas é disso que deriva uma agressão física”, concluiu.

Estatuto LGBT

A presidente da comissão da Diversidade Sexual na OAB nacional, a gaúcha Maria Berenice Dias, disse que até o final do mês que vem a ordem apresentará um projeto de Estatuto da Diversidade Sexual que trata dos direitos da população de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT).Especialista em direito de famílias formadas a partir da união homoafetiva, a advogada explicou que o estatuto tratará não apenas de adoção pro casais do mesmo sexo, como a punição para atos de discriminação ou preconceito contra homossexuais.“Fatos como o desse pai agredido infelizmente acontecem e só evidenciam a necessidade de uma legislação específica –a falta de lei é que dá a sensação de impunidade e legitima esse tipo de ação. Afinal, as pessoas podem ter uma convicção pessoal ou religiosa, mas não podem afrontar o direito do outro”, definiu.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

SHOW DO MINISTRO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO NOS ESTADOS UNIDOS




Essa merece ser lida, afinal não é todo dia que um brasileiro dá um esculacho educadíssimo nos americanos!

Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos,o ex-governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado
sobre o que pensava da internacionalizaçã o da Amazônia.

O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.

Esta foi a resposta do Sr.Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalizaçã o da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.

"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalizaçã o, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.

"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia
para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou
diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço."

"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser
internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.

"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalizaçã o de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário
ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de
um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.

"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York,
como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.

"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas
mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.

"Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.

"Como humanista, aceito defender a internacionalizaçã o do mundo.
Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia
seja nossa. Só nossa!


DIZEM QUE ESTA MATÉRIA NÃO FOI PUBLICADA, POR RAZÕES ÓBVIAS. AJUDE A
DIVULGÁ-LA, SE POSSÍVEL FAÇA TRADUÇÃO PARA OUTRAS LÍNGUAS QUE DOMINAR...

domingo, 17 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Crianças Violentas


Por Marcos Paterra

Hoje é comum os jornais noticiarem assaltos, assassinatos, agressões ou mesmo brigas sem aparente motivo envolvendo crianças e adolescentes, observa-se que as crianças agressivas costumam ter algum traço difícil na personalidade. Tal observação tem se traduzido, popularmente, por termos como personalidade forte, genioso, temperamental ou coisas assim; as pessoas que trabalham em berçários de hospitais podem testemunhar as diferenças entre os bebês. Tem aqueles que choram mais, gritam, resmungam, dormem mais, ficam quietos, agitados, etc. Essas diferenças falam a favor de força do temperamento e da constituição na maneira do ser se relacionar com o mundo.

Normalmente sentimos uma grande variedade de sentimentos com maior ou menor intensidade, tais como alegria, tristeza, medo, ousadia, energia, desânimo, eloquência, apatia, desinteresse em diversos momentos de nossa vida. Os meninos, quem sabe por uma questão de maior imaturidade psicoemocional fisiológica, estão menos preparados psicologicamente que as meninas para a socialização, vida em grupo, participação cooperativa e, por isso, costumam ter mais problemas de adaptação e de orientação, sobre esse prisma podemos entender (mas não aceitar) o bullying[1][1]

Quando falamos em crianças e adolescentes temos de levar em conta que a legislação brasileira considera como criança a pessoa com idade entre zero e doze anos, e passíveis apenas da aplicação de medidas protetoras quando cometem infração (delinqüência) ou se encontram em situação de risco, de acordo com o art. 101 da Lei n. 8069/90, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente. A adolescência, por sua vez, se considera para pessoas entre os doze e os dezoito anos, encontrando-se as mesmas sujeitas à aplicação das mesmas medidas protetoras e à aplicação de medidas sócio-educativas (art. 112 do mesmo Estatuto da Criança e do Adolescente).

Os adolescentes que se destacam pela hostilidade exagerada, podem ter um histórico de condutas agressivas que remonta a idades muito mais precoces, como no período pré-escolar, por exemplo; a agressividade, por si só, não pode ser considerada um transtorno psiquiátrico específico, ela é, antes disso, sintoma que reflete uma conduta desadaptada. Como sintoma ela pode fazer parte de certos transtornos. Podemos dizer até que a conduta agressiva costuma ser normal em certos períodos do desenvolvimento infantil, está vinculada ao crescimento e cumpre uma função adaptativa. Essa agressividade normal e fisiológica também é chamada de agressividade manipuladora. Existem muitos estudos com menores infratores na Europa e nos Estados Unidos indicando que a principal causa do comportamento delinquente estaria relacionada às condições socioeconômicas das famílias. É, sem dúvida, uma visão bastante acanhada do problema e a palavra "principal" pode nos cegar para outros aspectos; trata-se de um problema do ser humano e, ao se privilegiar quase exclusivamente as condições socioeconômicas, estaríamos tirando do cenário exatamente o principal personagem, o próprio ser humano, mais precisamente, a personalidade do ser humano delinquente.

Kardec, em Obras Póstumas disse: “Cada um pensa em si, antes de pensar nos outros, e quer a sua própria satisfação antes de tudo, cada um procura, naturalmente, se proporcionar essa satisfação, a qualquer preço, e sacrifica, sem escrúpulos, os interesses de outrem, desde as menores coisas até as maiores, na ordem moral como na ordem material; daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, porque cada um quer despojar o seu vizinho”.

Analisando na óptica espírita, e supondo de que grande parte desses jovens estejam sob influencia de obsessões, é claro no caso de espíritos perversos as influencias negativas e persuasões ao mal, nesse caso , pode acontecer inclusive com crianças de pouca idade, correndo o risco de ser considerada “alucinação” ou “loucura”, impedindo que o que manifeste este problema tenha um atendimento; Infelizmente, nem os profissionais da saúde e muito menos os familiares estão preparados para entender o fenômeno, pois desconhecem ou tentam ignorar, por medo ou por preconceito religioso,

“Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mun­do moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma mul­tidão de fenômenos até então inexplicados ou mal ex­plicados e que não encontram explicação racional se-não no Espiritismo.” “As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os «maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos “sucumbir e assemelhar-nos a eles.”[2][2]

Tanto na psicologia como no espiritismo, a solução se encontra na transformação de nós mesmos, em todos os níveis, inclusive no ético-moral. É vital para a modificação de hábitos, acrescentando vida aos nossos dias. A chamada Reforma Íntima deve acompanhar por um processo contínuo de Autoconhecimento (ver questão 919, em O Livro dos Espíritos[3][3]).

“O homem pode e deve ser considerado como sendo sua própria mente. Aquilo que cultiva no campo íntimo, ou que o propele com insistência a realizações, constitui a sua essência e legitimidade, que devem ser estudadas pacientemente, a fim de poder enfrentar os paradoxos existenciais “parecer” e “ser”, as inquietações e tendências que o comandam, estabelecendo os paradigmas corretos para a jornada, liberado dos choques interiores em relação ao comportamento externo. ”[4][4]

“É notável verificar que as crianças educadas nos princípios espíritas adquirem uma capacidade precoce de raciocínio, que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas. Nós as vimos em grande número, de todas as idades e dos dois sexos, nas diversas famílias onde fomos recebidos, e pudemos fazer essa observação pessoalmente. Isso não as priva da natural alegria, nem da jovialidade. Todavia não existe nelas essa turbulência, essa teimosia, esses caprichos que tornam tantas outras insuportáveis. Pelo contrário, revelam um fundo de docilidade, de ternura e respeito filiais que as leva a obedecer sem esforço e as torna responsáveis nos estudos. Foi o que pudemos notar e essa observação é geralmente confirmada. [...] Essas crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios e, enquanto isso, os velhos preconceitos irão, de pouco em pouco, desaparecendo com as velhas gerações. Torna-se evidente que a idéia espírita será, um dia, a crença universal.”[5][5]


Fonte : http://lampiaoatomico.blogspot.com/2010/12/criancas-violentas-autor-marcos-paterra.html