segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Inimigo Oculto

Por Marcos Paterra

Quando se fala em inimigo oculto, logo se imagina um psicopata que mora por perto, ou um falso amigo que descobrimos ser um “inimigo”... Será? Quem seria nosso maior ou pior inimigo? Quem poderia fazer-nos mal sem que percebamos?

A resposta tem múltiplas interpretações porem no espiritismo podemos nos ater na questão 919 do Livro dos espíritos.[1]

Temos infelizmente em nossa cultura o costume de pré-julgar e na maioria das vezes condenarmos o outro por simples ignorância e pior... Por puro egoísmo.

“[...] a maior barreira à comunicação interpessoal é a tendência muito natural para julgar, para avaliar, para provar ou para desaprovar as afirmações de outra pessoa ou de outro grupo”[2]

Podemos nos perguntar:

· Somos egoístas?

· Somos ciumentos?

· Temos acessos de raiva?

· Não somos educados?

Essa entre tantas outras perguntas com certeza na maioria das respostas é SIM!

Muitas vezes cruzamos com um desconhecido, e sentimos uma antipatia sem ao menos o conhecer, vem em mente a velha frase “Nossos santos não se cruzam”, e por vezes não se cruzam devido aos nossos pensamentos negativos.

Assim como no mesmo exemplo acima depois de certo tempo descobrimos que o tal desconhecido é “gente boa”, “que não é o que parecia!” E nunca percebemos, que foi nosso pré-julgamento e provavelmente nossa antipatia que provocou a reação do outro.

"O que o homem vê depende tanto daquilo que olha como daquilo que sua experiência prévia conceitual o ensinou a ver."[3]

Outras vezes, tornamo-nos antipáticos aos olhos dos outros sem que percebamos, e esses reagem da mesma forma, e não vemos que a antipatia do outro, é reflexo da nossa.

O olhar que temos de nós mesmos, muitas vezes é ilusório, criando dessa forma uma imagem “Boa” só para nós, e dessa forma, não compreendemos a interpretação do outro.

Muito do que pensamos, atrai espíritos simpatizantes, desse modo pode-se dizer que você atrai para si o bem... Ou o mau!

“Cuidar do que pensamos no palco da nossa mente, é cuidar da qualidade de vida. Cuidar do que sentimos no presente é cuidar do futuro emocional, do quanto seremos felizes, tranquilos e estáveis. A personalidade não é estática. Sua transformação depende da qualidade de arquivamento das experiências ao longo da vida.” [4]

Muitos leitores podem indagar : “ Mas existem espíritos maus que nos influenciam constantemente”

Bem... Eu poderia responder de que em contra partida também existem espíritos bons que nos influenciam para o bem, mas, vamos nos ater ao que Kardec nos diz:

“[...] se o mal existe, tem uma causa, umas o homem pode evitar e outras independem de sua vontade[...];Porem , os mais numerosos são aqueles que o homem criou para si , por seus próprios vícios , aqueles que provem do seu orgulho, de sua cobiça, de seus excessos em todas as coisas.”[5]

Na questão 754 de “O Livro dos Espíritos”: A crueldade não derivará da carência de senso moral?
“Dize que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.”

Sobre essa ótica voltamos ao inicio desse artigo e lembramo-nos da questão 919, onde somente quando termos consciência de quem somos, de como agimos, que poderemos afastar os possíveis inimigos.

O inimigo oculto esta dentro de nós, é nossos pensamentos, nosso modo de agir, e é desse “inimigo” que devemos tomar o máximo de cuidado, e só poderemos o afastar, com bons pensamentos, com compreensão e alteridade.

A reforma intima, o policiamento de nossos atos e pensamentos, afastam os inimigos encarnados, espirituais... E os ocultos.

"Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos
corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas.” (Mahatma Gandhi)


Artigo publicado no Jornal “Clarim” em Outubro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Lula e o SUS - vamos pôr as coisas no devido lugar

O texto ficou um tantinho longo.

Leiam até o fim.

Acho que vale a pena.

Assistam a este vídeo.

Volto em seguida.

http://www.youtube.com/watch?v=rdYsYWluXac&feature=player_embedded

Voltei

Não vou tratar do vídeo agora.

Voltarei a ele mais tarde.

Preciso fazer antes algumas considerações.

O cidadão Luiz Inácio Lula da Silva tem condições de ter o melhor plano de saúde que o dinheiro pode comprar.

Não está, entendo, moralmente obrigado a se tratar no SUS.

Esse é apenas um dos motivos.

Há outros e já os expus aqui.

Tentar impedir, no entanto, que as pessoas lhe façam essa cobrança, tachando-as de "agressivas" por isso, e se manifestem segundo a linguagem que o próprio Lula sempre empregou em sua militância, aí, meus caros, estamos diante de uma patrulha asquerosa, antidemocrática.

Os ai-ai-ais e ui-ui-uis se espalham por todo lugar.

A rede petralha e os ex-jornalistas a soldo fazem o de sempre: desqualificam quem não é da turma.

O PT deliberou, não faz tempo, que criaria grupos para patrulhar a Internet.

Pelo visto, já estão em ação.

Lamentável é que ecos em favor de uma censura informal, de matriz supostamente moral, tenham chegado também à grande imprensa — aquela que os petistas costumam acusar de "golpista".

Encerro este parágrafo com indagações, que serão retomadas a partir do próximo.

Que político brasileiro dividiu o país em dois grupos: "nós" e "eles"?

Que político brasileiro dividiu o país entre o povo e a Dona Zelite?

Que político brasileiro expropriou dos adversários a sua história, o seu passado e as suas conquistas para se pôr como o marco inaugural de uma civilização?

Seu nome é Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi ele quem estabeleceu que os que são seus aliados ou a ele se subordinam politicamente merecem a chancela de "povo" — e os adversários seriam a execrável Dona Zelite, inimiga das massas.

No vídeo gravado ontem, sobre o qual escrevi, em que mistura miseravelmente a sua doença com o proselitismo político, vê-se, uma vez mais, a desqualificação dos opositores.

Só há um jeito de torcer pelo Brasil: apoiar Dilma.

Ora, o que aquele discurso tem a ver com o seu câncer?

O pior é que ele não é neófito nessa prática.

Já chego lá.

É Lula, pois, quem faz uma aposta permanente na divisão do Brasil, REIVINDICANDO PERMANENTEMENTE PARA SI A CONDIÇÃO DE HOMEM E DE REPRESENTANTE DO POVO — ELITES SÃO SEMPRE OS OUTROS.

E o que é que milhares de pessoas estão lembrando de modo claro — e isso está sendo chamado de "ataque" por alguns babacas.

Ora, povo, meu caro Lula, se trata no SUS, não no Sírio-Libanês!

Alguém pode me dizer o que há de mentira nisso?

A pergunta que segue agora não é dirigida aos que são pagos para me xingar.

Esses estão trabalhando, ainda que um trabalhinho sujo.

Pergunto aos idiotas que me xingam de graça:

SUGERIR O SUS É UMA OFENSA PORQUE AQUELE É LUGAR DE POVO, É ISSO?

Qual é, afinal, o lugar de Lula no discurso?

Então os leitores/eleitores estão proibidos de confrontá-lo com as suas próprias palavras simplesmente porque ele é quem é?

Lula e Obama

Os candidatos a censores da opinião alheia hão de me perdoar — e, se não o fizeram, não dou a mínima —, mas é absolutamente legítimo, ainda que eu não concorde, que um cidadão brasileiro lhe sugira que recorra ao SUS porque ele próprio declarou o sistema "perto da perfeição".

Em novembro de 2009, ao abrir o 9º Congresso Brasileiro de Saúde Pública, em Olinda (PE), anunciou que, quando falasse com o presidente dos EUA, Barack Obama, iria lhe dar um conselho:

"Obama, faça um SUS. Custa mais barato, é de qualidade e é universal."

Fazer o quê?

Lula é assim mesmo, não?

Hiperbólico quando se trata de exaltar qualidades que acredita ter.

E implacável com eventuais conquistas de adversários, das quais faz tabula rasa.

O molde é sempre o mesmo: "nós X eles", "povo X elite".

Será que os que agora, de modo um tanto irônico, sugerem que procure o SUS estão mesmo lhe fazendo um "ataque"?

Há, a propósito, esta dimensão que está sendo ignorada: trata-se de... ironia!

Nada além!

Todos sabem que ele não aceitará a sugestão.

Agora o vídeo e as promessas criminosas das UPAs

Então vamos voltar ao vídeo que abre o post.

Diz Lula:

"Eu tava visitando a UPA, e eu tava dizendo que ela tá tão bem organizada, ela tá tão bem estruturada, que dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui".

Essa fala está correndo na Internet.

Em uma reportagem, a Folha de ontem a tomou como exemplo dos "ataques" que Lula vem sofrendo.

Ataque?

Por quê?

Cumpre lembrar as circunstâncias.

O então presidente inaugurava, em Recife, no dia 27 de janeiro de 2010, uma das poucas Unidades de Pronto Atendimento que fez em seu governo e falou aquela batatada.

Ocorre que, logo depois, passou mal, teve uma crise hipertensiva e foi internado no Hospital Português, considerado o melhor de Recife e um dos melhores do Brasil.

Sim, este escriba que lhes fala escreveu a respeito.

O post está aqui.

Vamos ver se Tio Rei é coerente.

Permitam-me transcrever um trechinho em azul:

Tenho horror ao populismo. Digo com todas as letras: não acho que um presidente da República ou governador do Estado devam se tratar em unidades públicas de emergência, que não podem mesmo contar com todos os recursos que a medicina pode oferecer. Não porque eles "não sejam homens comuns" (como disse Lula a respeito de Sarney), mas porque uma doença grave de um governante ou mesmo a sua morte podem ter repercussão negativa na vida de milhões de pessoas.Assim, é correto que o mandatário tenha à disposição o que há de melhor no setor. E é uma tarefa sua, indeclinável, fazer o possível para elevar as condições de atendimento na saúde pública - QUE VIVE UM CAOS NO BRASIL. Ponto parágrafo. É preciso parar de tratar o povo como idiota ou como tutelado. A UPA, se e quando funcionar bem, será um benefício para os pobres. E Lula nunca botará os pés ali como paciente."Ah, Reinaldo, ele estava brincando..." É? Sem essa! Nos palanques, Lula divide o país entre "eles" (as elites) e "nós" (o povo). Chama "elite" a seus inimigos, ainda que mais pobres e menos poderosos do que ele próprio; chama "povo" a seus amigos, ainda que sejam alguns potentados da economia - muitos mamando nos subsídios e desonerações fiscais. Ele pode perfeitamente bem inaugurar uma unidade popular de saúde sem o apelo barato de que gostaria de ser atendido ali. Porque ele pertence à categoria dos que jamais serão atendidos ali. Quem recorre a essa linguagem não fala com o povo, mas com a platéia.

Volto a hoje

E então?

O que lhe parece?

Como se vê, não mudei de idéia.

Indecente, se querem saber, foi o que se fez com as UPAs no país.

Lula prometeu construir 500 em seu governo.

Foram entregues apenas 91.

Além daquelas 500, a então candidata Dilma Rousseff prometeu outras 500 - logo, teriam de ser mil até 2014.

Até setembro, a presidente havia inaugurado... UMA!!!

Isso, sim, é feio; isso, sim, é violento; isso, sim, é detestável.

Os censores estão querendo impedir que a população cobre que os homens públicos cumpram as suas promesas.

O Vídeo em que Lula fala de sua doença

Fiz uma análise não mais do que técnica do vídeo em que Lula fala de sua doença.

E apontei a clara exploração política do episódio.

Diz ele:

"Não foi a primeira e não será a última batalha que eu vou enfrentar".

Observei:

"Que se saiba, Lula nunca enfrentou uma séria 'batalha' de saúde. Esta, de fato, é a primeira. As outras todas foram políticas. Logo, ele está falando sobre política, certo?"

Um leitor, certamente um lulista, resolveu me passar um pito:

"Lula nunca enfrentou um problema sério de saúde em sua vida, Azevedo? E a morte de sua primeira mulher, por acaso foi um problema político?"

Muito bem, Diorge Alceno Konrad (é o nome do missivista).

Lembro-me que, na campanha eleitoral de 2002, Duda Mendonça botou Lula diante da câmera e deixou que ele falasse da mulher morta no parto (Maria de Lurdes), junto com bebê.

Uma tragédia na vida de qualquer um, na dele também, suponho.

Lula chorou muito.

Eu fiquei constrangidíssimo, sentindo um baita desconforto, porque me pareceu que ele não deveria usar aquele caso numa campanha eleitoral, para ganhar voto.

O filme nunca apareceu na Internet.

Deve estar em algum lugar.

O então candidato dizia como havia ficado arrasado, destacando seu enorme sofrimento nos anos subseqüentes.

Durante muito tempo, teria vivido uma vida reclusa e solitária.

Pois é.

Eu, que tinha lido uma entrevista que ele concedera à revista Playboy em 1979 e que tenho o mau hábito de ter boa memória, lembrava-me de abordagem um pouco diferente.

À época, eu tinha só 18 anos, era comunista de trincar catedrais e fiquei horrorizado com o que li.

Fui consultar os meus guardados (era pré-Internet...), e o Lula que se debulhava diante de Duda Mendonça em 2002 dissera outra coisa quando apenas sindicalista, 23 anos antes:

"Eu gostava muito da Maria de Lurdes. Vivi com ela só dois anos, de 1969 a 1971. Ela morreu de parto, e eu fiquei muito chocado. Perdi a vontade de tudo. Fiquei UNS SEIS MESES bem fodido na vida. Então percebi que estava vivo, não estava morto, não, porra! Aí comecei a cair na gandaia. Meu Deus do céu! Antes de conhecer a Marisa, FORAM TRÊS ANOS DE GANDAIA. Eu queria sair com mulher de segunda a domingo."

Começo a encerrar

Não!

Lula não tem, necessariamente, de se tratar no SUS pelos motivos elencados antes e agora.

Mas pode e deve ser cobrado pelas palavras que disse, pelos discursos que fez e pelas obras que não fez.

Não há rigorosamente nada de errado com quem o confronta com suas próprias promessas.

Ao contrário.

É saudável que a população tenha memória.

Não se trata de um "ataque", como quer parte da imprensa, ou de "recalque", como afirmou FHC.

Quanto ao vídeo que gravou ontem, em que um drama pessoal é usado como alavanca política, a campanha eleitoral de 2002 evidencia não ser esta a primeira vez.

Eu não vou pedir desculpas a ninguém por tratar Lula como um homem público racional, dono de seu nariz, que atua segundo o mais rigoroso cálculo político.

No fim das contas, acho que sou mais respeitoso com ele do que esse bando de idiotas que o toma como um ser inimputável, uma força da natureza que diz supostas maravilhas em razão de sua intuição, como se fosse uma espécie de ogro bonzinho, um Shrek barbudo.

Trato Lula, vejam que ousadia!, como ser humano e como político.

Um dos mais hábeis do país, gostem ou não.

Quero que ele sare, que é a minha torcida por todos os enfermos, mesmo aqueles dos quais não gosto.

Mas não vou parar de pensar por isso nem vou ignorar a história.

É inútil ficar me xingando.

Tentem é desmontar os argumentos.

Aliás, não parei de pensar nem quando os petralhas torciam para que eu morresse.

Torcida não mata ninguém, não!

O que mata é falta de UPA, o que mata é falta de equipamento para radioterapia, o que mata é falta de remédio para quimioterapia, o que mata é falta de médico para cuidar dos tumores, o que mata é falta de vagas em hospitais, o que mata é falta de cirurgiões.

Querem saber?

A falta de vergonha na cara mata ainda mais do que todas essas outras faltas.

Por Reinaldo Azevedo na Veja Online.

EU, O SUS, A IRONIA E O MAU GOSTO

by Nina Crintzs

Há seis anos atrás eu tive uma dor no olho. Só que a dor no olho era, na verdade, no nervo ótico, que faz parte do sistema nervoso. O meu nervo ótico estava inflamado, e era uma inflamação característica de um processo desmielinizante. Mais tarde eu descobri que a mielina é uma camada de gordura que envolve as células nervosas e que é responsável por passar os estímulos elétricos de uma célula para a outra. Eu descobri também que esta inflamação era causada pelo meu próprio sistema imunológico que, inexplicavelmente, passou a identificar a mielina como um corpo estranho e começou a atacá-la. Em poucas palavras: eu descobri, em detalhes, como se dá uma doença-auto imune no sistema nervoso central. Esta, específica, chama-se Esclerose Múltipla. É o que eu tenho. Há seis anos.

Os médicos sabem tudo sobre o coração e quase nada sobre o cérebro – na minha humilde opinião. Ninguém sabe dizer porque a Esclerose Múltipla se manifesta. Não é uma doença genética. Não tem a ver com estilo de vida, hábitos, vícios. Sabe-se, por mera observação estatística, que mulheres jovens e caucasianas estão mais propensas a desenvolver a doença. Eu tinha 26 anos. Right on target.

Mil médicos diferentes passaram pela minha vida desde então. Uma via crucis de perguntas sem respostas. O plano de saúde, caro, pago religiosamente desde sempre, não cobria os especialistas mais especialistas que os outros. Fui em todos – TODOS – os neurologistas famosos – sim, porque tem disso, médico famoso – e, um por um, eles viam meus exames, confirmavam o diagnóstico, discutiam os mesmos tratamentos e confirmavam que cura, não tem. Minha mãe é uma heroína – mãos dadas comigo o tempo todo, segurando para não chorar. Ela mesma mais destruída do que eu. E os médicos famosos viam os resultados das ressonâncias magnéticas feitas com prata contra seus quadros de luz – mas não olhavam para mim. Alguns dos exames são medievais: agulhas espetadas pelo corpo, eletrodos no córtex cerebral, “estímulos” elétricos para ver se a partes do corpo respondem. Partes do corpo. Pastas e mais pastas sobre mesas com tampos de vidro.

Colunas, crânio, córneas. Nos meus olhos, mesmo, ninguém olhava.

O diagnóstico de uma doença grave e incurável é um abismo no qual você é empurrado sem aviso. E sem pára-quedas. E se você ta esperando um “mas” aqui, sinto lhe informar, não tem. Não no meu caso. Não teve revelação divina. Não teve fé súbita em alguma coisa maior. Não teve uma compreensão mais apurada das dores do mundo. O que dá, assim, de cara, é raiva. Porque a vida já caminha na beirada do insuportável sem essa foice tão perto do pescoço. Porque já é suficientemente difícil estar vivo sem esta sentença se morte lenta e degradante. Dá vontade de acreditar em Deus, sim, mas só se for para encher Ele de porrada.

O problema é que uma raiva desse tamanho cansa, e o tempo passa. A minha doença não me define, porque eu não deixo. Ela gostaria muitíssimo de fazê-lo, mas eu não deixo. Fiz um combinado comigo mesma: essa merda vai ter 30% da atenção que ela demanda. Não mais do que isso. E segue o baile. Mas segue diferente, confesso. Segue com menos energia e mais remédios. Segue com dias bons e dias ruins – e inescapáveis internações hospitalares.

A neurologista que me acompanha foi escolhida a dedo: ela tem exatamente a minha idade, olha nos meus olhos durante as minhas consultas, só ri das minhas piadas boas e já me respondeu “eu não sei” mais de uma vez. Eu acho genial um médico que diz “eu não sei, vou pesquisar”. Eu não troco a minha neurologista por figurão nenhum.
O meu tratamento custaria algo em torno de R$12.000,00 por mês. Isso mesmo: 12 mil reais. “Custaria” porque eu recebo os remédios pelo SUS. Sabe o SUS?! O Sistema Único de Saúde? Aquele lugar nefasto para onde as pessoas econômica e socialmente privilegiadas estão fazendo piada e mandando o ex-presidente Lula ir se tratar do recém descoberto câncer? Pois é, o Brasil é o único país do mundo que distribui gratuitamente o tratamento que eu faço para Esclerose Múltipla. Atenção: o ÚNICO. Se isso implica em uma carga tributária pesada, eu pago o imposto. Eu e as outras 30.000 pessoas que tem o mesmo problema que eu. É pouca gente? Não vale a pena? Todos os remédios para doenças incuráveis no Brasil são distribuídos pelo SUS. E não, corrupção não é exclusividade do Brasil.

O maior especialista em Esclerose Múltipla do Brasil atende no HC, que é do SUS, num ambulatório especial para a doença. De graça, ou melhor, pago pelos impostos que a gente reclama em pagar. Uma vez a cada seis meses, eu me consulto com ele. É no HC que eu pego minhas receitas – para o tratamento propriamente dito e para os remédios que uso para lidar com os efeitos colaterais desse tratamento, que também me são entregues pelo SUS. O que me custaria fácil uns outros R$2.000,00.

Eu acredito em poucas coisas nessa vida. Tenho certeza de que o mundo não é justo, mas é irônico. E também sei que só o humor salva. Mas a única pessoa que pode fazer piada com a minha desgraça sou eu – e faço com regularidade. Afinal, uma doença auto-imune é o cúmulo da auto-sabotagem.

Mas attention shoppers: fazer piada com a tragédia alheia não é humor, é mau gosto. É, talvez, falha de caráter. E falar do que não se conhece é coisa de gente burra. Se você nunca pisou no SUS – se a TV Globo é a referência mais próxima que você tem da saúde pública nacional, talvez esse não seja exatamente o melhor assunto para o seu, digamos, “humor”.

Quem me conhece sabe que eu não voto – não voto nem justifico. Pago lá minha multa de três reais e tals depois de cada eleição porque me nego a ser obrigada a votar. O sistema público de saúde está longe de ser o ideal. E eu adoraria não saber tanto dele quanto sei. O mundo, meus amigos, é mesmo uma merda. Mas nós estamos todos juntos nele, não tem jeito. E é bom lembrar: a ironia é uma certeza. Não comemora a desgraça do amiguinho, não.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Carta Aberta à Presidenta da República Dilma Rousseff

Excelentíssima Senhora Presidenta,

As entidades que firmam esta carta compõem o Comitê Facilitador da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil, cuja agenda foi apresentada a Vossa Excelência em 2010, quanto ainda candidata, e à qual respondeu por meio de Carta às Organizações da Sociedade Civil. Nesse documento, em que reconheceu a legitimidade de nossas propostas, Vossa Excelência afirmou que o governo deveria pautar-se por “uma relação democrática, respeitosa e transparente com as organizações da sociedade civil, compreendendo seu papel fundamental na construção, gestão, execução e controle social das políticas públicas”. Declarou que “a Plataforma … nos propõe uma relação jurídica mais adequada entre o Estado e as OSCs, reconhecendo que, para cumprirem suas funções, as entidades devem ser fortalecidas sem que isso signifique reduzir a responsabilidade governamental, em um ambiente regulatório estável e sadio”. Finalmente, comprometeu-se a “constituir um Grupo de Trabalho, composto por representações das OSCs e do governo … com o objetivo de elaborar, com a maior brevidade possível, no prazo máximo de um ano, uma proposta de legislação que atenda de forma ampla e responsável, as necessidades de aperfeiçoamento que se impõem, para seguirmos avançando em consonância com o projeto de desenvolvimento para o Brasil, o combate à desigualdade social e o interesse público” (http://plataformaosc.org.br/dilma/respostadilma.pdf).

Assim como a Excelentíssima Senhora, acompanhamos com preocupação as denúncias sobre irregularidades em convênios firmados entre ministérios e entidades sem fins lucrativos, principalmente porque a maneira como tais fatos vêm sendo tratados por setores de gestão pública e pela mídia comprometem a imagem pública de uma infinidade de organizações que prestam regularmente serviços públicos e fazem com que a opinião pública julgue sem critérios e se volte contra todas as organizações, entre elas as que tem prestado relevantes serviços à democracia deste país.

O Decreto Presidencial n. 7.568, de 16 de setembro de 2011, a nosso ver, acerta em procurar estabelecer critérios legítimos para balizar decisões quanto ao estabelecimento de convênios com organizações da sociedade civil. Saudamos também o fato de que o Decreto institui Grupo de Trabalho composto por representantes de governo e da sociedade civil, destinado a reformular a legislação aplicada às Organizações da Sociedade Civil, cumprindo compromisso de campanha da Senhora Presidenta. Com grandes expectativas, estamos cooperando com a Secretaria Geral da Presidência da República para a realização de seminário internacional nos próximos dias 9 a 11 de novembro, em Brasília, quando será instalado o GT em reunião inaugural.

Nesse contexto de união construtiva de esforços, nos surpreenderam notícias veiculadas pela mídia de que o governo federal estaria preparando novo decreto suspendendo todos os repasses para organizações não governamentais, a fim de proceder em determinado tempo a sua avaliação e cancelamento daqueles considerados irregulares. Tememos que a maioria das organizações sem fins lucrativos sejam penalizadas injustamente. Se o governo entende que é necessário organizar uma força tarefa para avaliar a qualidade dos convênios em vigência, poderia fazê-lo sem que fosse necessária a suspensão de repasses, o que pode causar graves problemas àquelas entidades que estão cumprindo regularmente suas obrigações.

Segundo o Portal da Transparência de 2010, das 232,5 bilhões de transferências voluntárias do governo federal, 5,4 bilhões destinaram-se a entidades sem fins lucrativos de todos os tipos, incluídos partidos políticos, fundações de universidades e o Instituto Butantã, por exemplo. Foram 100 mil entidades beneficiadas, 96% delas por transferências de menos de 100 mil reais. Se juntarmos todas as denúncias contra ONGs publicadas na imprensa nos últimos 24 meses, as entidades citadas não passariam de 30, o que nos leva crer que além de desnecessária, a suspensão generalizada de repasses poderia constituir medida arbitrária e de legalidade questionável, que criminaliza a sociedade civil organizada.

Esperamos realizar nosso seminário e instituir nosso GT em um contexto de confiança na esfera pública ampliada e nas suas instituições. Esteja certa, Senhora Presidenta, do nosso incondicional apoio no combate à corrupção e na busca por instrumentos adequados para a concertação de esforços do Estado e sociedade civil pela construção de um Brasil mais justo e democrático.

Em 28 de outubro de 2011, assinam esta carta as seguintes entidades membros do Comitê Facilitador da Plataforma por um Novo Marco Regulatório para as Organizações da Sociedade Civil.

Respeitosamente,

Associação Brasileira de ONGs (ABONG)
Cáritas Brasileira
Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI) –Regional Brasil
Fundação Grupo Esquel do Brasil
Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária UNICAFES

http://www.ibase.br/pt/2011/10/carta-aberta-a-presidenta-da-republica-dilma-rousseff/

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Por que roubam os comunistas?


Por Eugênio Bucci

Em 1989, aos 26 anos, o cineasta Steven Soderbergh ficou famoso com Sexo, mentiras e videotape. Duas décadas depois, lançou Che, um épico dividido em duas partes, ou dois filmes em sequência: no primeiro, Che Guevara vira guerrilheiro em Cuba; no segundo, ele vai para a Bolívia instalar um foco revolucionário. No primeiro, Che sai consagrado, aos 30 anos. Do segundo, saiu morto, carregado por um helicóptero.

A cena final do primeiro filme é inesquecível. Pode ser vista como um trailer do pesadelo ético que a esquerda viveria na América Latina a partir de então. O protagonista Che Guevara (Benicio del Toro) vai pela estrada, dentro de um jipe sem capota, na direção de Havana. É janeiro de 1959. O ditador Fulgencio Batista fugiu. Fidel Castro venceu. De repente, passa pelo jipe um vistoso conversível, dirigido por um dos comandados de Che. No automóvel, moços e moças festejam, cabelos ao vento. Che ordena que parem. “Que carro é este?”, pergunta ao motorista. “Era de um francoatirador”, diz ele. O comandante se enfurece. Manda que seu subordinado volte, devolva o carro e só depois vá para Havana, a pé, se for preciso.

A mensagem do líder era simples e direta: a revolução não era um movimento de ladrões.

Na biografia que John Lee Anderson escreveu sobre Guevara, há uma passagem parecida. De novo, estamos às voltas com automóveis. Agora, Che é ministro das Indústrias, no regime comunista de Havana. Certo dia, seu vice-ministro, Orlando Borrego, aparece na repartição com um Jaguar esporte, novinho, que encontrara numa fábrica. O chefe o interpela aos palavrões e o obriga a devolver o carro. Borrego passaria os 12 anos seguintes dirigindo um Chevy mais simples, sem opcionais. Outra vez, a mesma mensagem: a revolução não admite ladrões.

Acontece que a História (com “H” maiúsculo, como alguns preferem) não é heroica. Ela é uma piadista. Quando morreu pelas armas dos militares bolivianos, Che estava magro e doente. E os ladrões proliferaram nas fileiras de esquerda. Rechonchudos e felizes. Não roubaram apenas automóveis, mas utopias. Transformaram sonhos dos camaradas em butim. Estão por aí, de terno, gravata e dinheiro vivo dentro de casa.

Nisso se resume o grande dilema existencial e político das organizações de esquerda.
Comunistas, quando corruptos, roubam a razão pela qual morreram todos os guerrilheiros

Ao se acovardar diante da corrupção ou, pior, ao julgar que podem se extrair vantagens táticas da corrupção, um partido de esquerda abdica de acreditar na igualdade de oportunidades. Logo, abdica de sua herança simbólica e de nomes como Che Guevara. É bem verdade que Che se tornou um homem embrutecido, violento, comandando execuções às centenas, sem processo justo. O lendário guerrilheiro foi, a seu modo, um misto de verdade e de loucura (“tanta violência, mas tanta ternura”). Fez sua guerra, sujou as mãos de sangue e topou pagar o preço de sua escolha. O que importa, agora, é que ladrão ele não foi. E isso importa porque não foi a selvageria da batalha que corrompeu a esquerda: foi o roubo.

Passemos ao Brasil de 2011. Passemos para hoje. Estamos aí atordoados com mais um escândalo, outra vez embaralhando ONGs, mas agora com militantes e ex-militantes do PCdoB e autoridades do Ministério dos Esportes. Passarão meses, talvez anos, até que saibamos quem de fato tem culpa no cartório, se é que o tabelião e os cartorários não estavam no esquema. Desde já, porém, sabemos que há milhões e milhões de reais em irregularidades, tudo em nome de dar assistência a crianças carentes que não recebiam assistência nenhuma.

A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter transformado a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são fins privados). Na esquerda, a corrupção se qualifica: emprega métodos bolcheviques e se justifica sob licenças ideológicas que enaltecem o crime comum como se ele fosse a própria trilha de libertação dos oprimidos. É uma corrupção delirante, que se julga uma nova modalidade de guerrilha contra o capital, mas que, no fundo, presta serviços ao que há de pior no capital.

Comunistas e socialistas, quando corruptos, roubam enfim a razão pela qual morreram todos os guerrilheiros. Traindo seus mortos, traindo os desaparecidos, o corrupto de esquerda se sente vitorioso. Acha que pode passear de conversível sem ser incomodado.

Link Original do Artigo:
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/10/24/por-que-roubam-os-comunistas

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Casamento sem escala


Por Maria Berenice Dias
Advogada
Vice-Presidenta Nacional do IBDFAM
Presidenta da Comissão da Diversidade Sexual
www.direitohomoafetivo.com.br
www.mariaberenice.com.br
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Antes não havia nada.

Até parece que amor entre iguais não existia.

Na vã tentativa de varrer para baixo do tapete os homossexuais e seus vínculos afetivos, a Constituição Federal admite a conversão em casamento somente à união estável entre um homem e uma mulher.

Diante da total omissão do legislador, que insiste em não aprovar qualquer lei que assegure direitos à população LGBT, o jeito foi socorrer-se da justiça.

Assim, há uma década o Poder Judiciário, ao reconhecer que a falta de lei não quer dizer ausência de direito, passou a admitir a possibilidade de os vínculos afetivos, independente da identidade sexual do par, terem consequências jurídicas. No começo o relacionamento era identificado como mera sociedade de fato, como se os parceiros fossem sócios. Quando da dissolução da sociedade, pela separação ou em decorrência da morte, dividiam-se lucros. Ou seja, os bens adquiridos durante o período de convivência eram partilhados, mediante a prova da participação de cada um na constituição do "capital social". Nada mais.

Apesar da nítida preocupação de evitar o enriquecimento sem causa, esta solução continuava provocando injustiças enormes. Como não havia o reconhecimento de direitos sucessórios, quando do falecimento de um do par o outro restava sem nada, sendo muitas vezes expulso do lar comum por parentes distantes que acabavam titulares da integralidade do patrimônio.

Mas, finalmente, a justiça arrancou a venda dos olhos, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) consagrou a inserção das uniões homoafetivas no conceito de união estável.

Por tratar-se de decisão com efeito vinculante - isto é, nenhum juiz pode negar seu reconhecimento - os magistrados passaram a autorizar a conversão da união em casamento, mediante a prova da existência da união estável homoafetiva, por meio de um instrumento particular ou escritura pública. Assim, para casar, primeiro era necessária a elaboração de um documento comprobatório do relacionamento para depois ser buscada sua conversão em casamento, o que dependia de uma sentença judicial.

Agora o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acabou de admitir que os noivos, mesmo sendo do mesmo sexo, podem requerer a habilitação para o casamento diretamente junto ao Registro Civil, sem precisar antes comprovar a união para depois transformá-la em casamento.

Ou seja, a justiça passou a admitir casamento sem escala!

Só se espera que, diante de todos esses avanços, o legislador abandone sua postura omissiva e preconceituosa e aprove o Estatuto da Diversidade Sexual, projeto de lei elaborado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que traz o reconhecimento de todos os direitos à comunidade LGBT e seus vínculos afetivos.

Com certeza é o passo que falta para eliminar de vez com a homofobia, garantir o direito à igualdade e consagrar o respeito à dignidade, independente da orientação sexual ou identidade de gênero.

Enfim, é chegada a hora de assegurar a todos o direito fundamental à felicidade!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Rios da cidade de Salvador: atraso e contramão da história


No momento, nos é vendida a ideia de que uma Salvador melhor, uma cidade do futuro, com infraestrutura eficiente e adequada está por ser construída, num curtíssimo espaço de tempo, visando o atendimento aos requisitos exigidos às cidades-sedes dos jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2014.

Porém, essa estratégia falaciosa não pode sanar o caos urbano instalado em nossa cidade, fruto de um déficit já histórico de planejamento e de investimentos em questões-chaves ao desenvolvimento urbano, e, ao qual se somam a pobreza e a marginalidade de imensa parcela dos soteropolitanos.

Salvador teve um período de planejamento, no qual as avenidas de fundo de vale foram concebidas, visando estruturar o sistema de deslocamento da população. Estas são ainda hoje as principais vias nas quais escoam (lentamente) carros, ônibus, caminhões e, atualmente, uma grande quantidade de motocicletas e bem poucas bicicletas.

Tais avenidas, assim como outros aspectos do tipo de crescimento urbano adotado em Salvador, causaram impactos ao escoamento dos rios, que outrora proporcionaram não só a fundação da cidade, como nela desempenhavam inúmeras funções urbanas.

Atualmente, os rios, constrangidos em suas larguras de cheia, têm ainda que dar conta de enormes volumes de águas que não tem mais como penetrar nos solos em função do rápido desaparecimento das áreas livres, especialmente as áreas verdes. E esses volumes, cada vez mais, incluem esgotos, sedimentos e lixo. Dessas relações, entre os nossos rios e a ocupação intensa e inadequada dos solos da cidade os problemas emergem: alagamentos, poluição, riscos de diversas ordens, incluindo à saúde pública, dentre outros.

Grandes cidades mundo a fora, incluindo algumas brasileiras, hoje buscam reverter o caos resultante dessa má conduta, insustentável sob o ponto de vista ambiental, social e econômico. Soluções ambientalmente mais corretas passam por gerenciar integradamente a infraestrutura urbana, iniciando-se pela definição da ocupação do espaço com preservação de funções naturais como a infiltração e a rede natural de escoamento (os rios!), e a redução e controle das fontes de poluição.

Como alguns exemplos, nos EUA este tipo de desenvolvimento tem sido adotado e denominado Low Impact Development, ou Desenvolvimento de Baixo Impacto. Na Austrália tem sido denominado Water Sensitive Urban Design, algo como, Desenho Urbano Associado à Água. Na Europa um projeto denominado SWITCH (Sustainable Water Management in Cities of the Future) reflete essa tendência de mudança de rumo no trato das águas no meio urbano.

A remoção de represas obsoletas, a retirada do revestimento do fundo e das margens dos rios canalizados, o reordenamento das faixas laterais aos rios, com o replantio de vegetação para a criação de espaços livres para lazer, mas também para que o rio encha ocasionalmente, têm sido algumas das iniciativas visando a ‘renaturalização’ de áreas das cidades.

Essas ações visam a melhoria da qualidade paisagística e ambiental urbana, a restauração da função social dos rios e a melhoria da drenagem de águas das chuvas, além de outros benefícios.

Têm sido emblemáticas as iniciativas para despoluição e reintegração às cidades dos rios Tâmisa à Londres, Sena à Paris, Cheonggyecheon à Seul, dentre outros, e no Brasil os casos dos rios das Velhas à Belo Horizonte, rio Barigui à Curitiba, além de ações iniciais para melhoria do Tietê em São Paulo.

Salvador tem caminhado na contramão dessa tendência. Sob a égide da ganância imobiliária tem-se avançado desenfreadamente sobre áreas remanescentes de vegetação, aterrado lagoas e cursos d’água, na pressa em aproveitar o momento econômico de uma população de classe média que se endivida avidamente, e sem os limites de um efetivo e consequente ordenamento e controle do uso do solo urbano por parte do Poder Público.

Nesse contexto insustentável, a cobertura de rios em Salvador se tornou regra. Parece ser a única solução existente para esgotos nas águas, para os problemas de captação e destino dos esgotos e dos resíduos sólidos (lixo), e finalmente para o caso da presença de odores e de mosquitos. Esconder esses problemas sob tampões de concreto é a forma mais simples encontrada pela Administração Municipal, subsidiada por gordos recursos públicos federais (Ministério da Integração) e com a conivência do Conselho Municipal de Meio Ambiente.

A cobertura do Rio dos Seixos, na Avenida Centenário, foi o início dessa nova fase da tecnologia anacrônica adotada em Salvador, a um custo de quase 30 milhões de reais. A seguir, no Imbuí, a um custo de 57 milhões de reais, um parque linear árido e cheio de edificações surge, não ao longo do rio, como vem ocorrendo em tantos lugares, mas sobre o rio das Pedras. Intervenções como essa denunciam a forma fragmentada e pontual de atuar sobre os rios, que, paradoxalmente, como corredores de água e matéria orgânica, são verdadeiros símbolos de continuidade e interdependência entre os seus diversos segmentos e trechos.

Neste momento, obras avançam para esconder o trecho do Rio Lucaia, confinado entre as pistas da Avenida Vasco da Gama, a um custo previsto de 49,84 milhões de reais! E outras obras similares estão anunciadas, enterrando nossos rios, e ‘rios’ de dinheiro público. Ressalte-se que no linguajar dos atuais administradores do Município, não temos ‘rios’, mas apenas ‘canais de esgoto’. Uma enorme miopia!

A falta de investimentos em infraestrutura viária, a entrega do solo urbano ao capital imobiliário, que não distingue elementos importantes da paisagem, tem gerado também enormes déficits no sistema de mobilidade e de espaços públicos em Salvador. Assim, esses aspectos da cidade, fundamentais para a qualidade de vida urbana, e que deveriam ser prioritários no processo de desenvolvimento urbano, servem agora também como argumentos para a destruição dos rios.

Por fim, é importante ressaltar, que alternativas técnicas para os problemas da cidade existem. A ‘solução única’ imposta pelos atuais administradores públicos segue uma lógica cega, de interesses econômicos (e políticos) e nega a participação social e a ação para um futuro mais responsável e com qualidade ambiental para Salvador. Temos a certeza que não há uma única solução para nossos problemas, e que estas também podem ser mais sustentáveis e inteligentes, e principalmente, fruto de discussões e aprofundamentos.

Salvador, 21 de outubro de 2011

Aruane Garzedin (Profa. Dra. da UFBA)

Catherine Prost (Profa. Dra. da UFBA)

Grupo Ambientalista da Bahia (GAMBÁ)

Lafayette Dantas da Luz (Prof. Dr. da UFBA)

Luiz Roberto Santos Moraes (Prof. Titular da UFBA)

Marco Antônio Tomasoni (Prof. Dr. da UFBA)

Maria Teresa Chenaud Sá de Oliveira (Engenheira Civil, MSc)

Patrícia Campos Borja (Profa. Dra. da UFBA)

Renato Paes Pegas da Cunha (Engo. Mecânico, Ambientalista)

Severino Soares Agra Filho (Prof. Dr. da UFBA)

Sindicato de Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado da Bahia (SINDAE)

Antonio Emilson A. de Carvalho - ASSMPJ

Zoraide Vilasboas (Associação Movimento Paulo Jackson - Ética, Justiça,Cidadania)

Thiago Guimarães Siqueira (psicólogo ambiental, professor e pesquisador)

Organização Sócio-Ambientalista Joguelimpo

Cristina Maria Macêdo de Alencar (Profa Dra UCSAL)

Juca Ulhôa Cintra Paes da Cunha (Economista)

Jupiraci Borges (Movimento Salvador Pela Paz)

domingo, 16 de outubro de 2011

Como acreditar em Orlando Silva?


Por Juca Kfouri (Blog do Juca Kfouri)


Cinco motivos, e só cinco, porque tem muitos mais, para não acreditar no ministro do Esporte, Orlando Silva Jr.:

1. Orlando Silva Jr. é o mesmo que comprou tapioca com cartão de crédito corporativo do governo federal;

2. Orlando Silva Jr. é o mesmo que prometeu Jogos Pan-Americanos transparentes e ecônomicos e que depois tirou o corpo fora dos gastos dez vezes maiores e nebulosos;

3. Orlando Silva Jr. é o mesmo que se comprometeu a participar de um debate organizado pela revista norte-americana “Newsweek” e fugiu 12 horas antes, alegando ter sido chamado por Lula em Brasília, embora tenha permanecido no Rio de Janeiro no dia do debate;

4. Orlando Silva Jr. é o mesmo que diz que as denúncias contra o presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil não são da alçada do governo federal;

5. Orlando Silva Jr. é o mesmo que em recente entrevista garantiu que o governo brasileiro não permitiria maldades da Fifa no credenciamento de jornalistas para a Copa do Mundo de 2014 e, menos de um mês depois, voltou de reunião com a entidade anunciando que o credenciamento ficaria exclusivamente por conta dela. Em resumo: o que Orlando Silva Jr. diz não se escreve.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

O Menino Que Não Sabe Ser Feliz



Por Regis Mesquita



Semana após semana, uma criança é levada para tomar passe em um centro espírita de Campinas. Ele não gosta de ir lá; ele chora, berra, reclama, diz que quer ir embora, fica infeliz, impaciente, insatisfeito, nervoso, raivoso, agitado, agressivo… É um espetáculo!

Vamos estudar o caso: a criança não gosta de ir tomar passe. Os seus pais, por sua vez, acham que é fundamental para seu desenvolvimento espiritual. Ela teria mais satisfação se confiasse nas escolhas dos seus pais. Apesar de não gostar, é muito melhor esperar algum tempo e receber o passe, satisfeito. Porém, não é esta a escolha do filho.

Observe bem: podemos ficar satisfeitos, mesmo quando fazemos algo que não gostamos.

O segredo da satisfação é a aceitação, a gratidão e a boa vontade. Com estes recursos podemos ficar satisfeitos quando fazemos algo que gostamos ou não.

Grande parte da vida não é escolha, é oportunidade de usufruto. Todas as crianças que vão tomar passe estão ali porque os pais as levaram. Não são escolhas pessoais. Elas, porém, aceitam a oportunidade. Ou seja, o desejo de estar em outro lugar não é o principal.

O desejo é o oposto do usufruto. O desejo é sempre um não estar no presente. O real é descartado ou desqualificado. O real é: estou aqui no centro espírita para tomar passe, para conversar com meus pais, para desenhar, para abraçar, para compartilhar, aprender, receber algo bom, etc. Nada disso é aproveitado. Uma vida cheia de desejo é uma vida de desperdício. Desperdício do que é bom e real.

A criança grita: “não quero, não quero”. Ela quer o que não existe naquele momento. O desejo é assim, reduz as possibilidades humanas. Explico: a pessoa pode ser feliz comendo pizza, macarrão, comida japonesa, churrasco, etc. Porém, se ela desejar fortemente comer peixe, todas as outras possibilidades não lhe satisfarão. Esta redução das possibilidades e potencialidades humanas torna a vida pior e a pessoa insatisfeita.

Aliás, uma das boas funções do desejo, desde que usado de forma sutil e não freqüente, é esta: ele permite às pessoas terem direção. O sujeito acorda e sente vontade de comer peixe. Ele organiza sua vida para comer peixe. Todavia, se não for possível, ele deve aceitar o que é real: “não vou comer peixe, mas minha satisfação é mais importante, ficarei feliz com o que tiver oportunidade de comer”.

Aceitar, ter gratidão e boa vontade: parece simples, mas depende de treino.

A maior parte das pessoas se treina para serem máquinas de desejar. Sempre desejam algo, sempre querem agregar algo ao real. Sim, o desejo é uma agregação. Na imensa maioria das vezes é uma complicação da vida. Se a pessoa tem que fazer 10 coisas, com os desejos passa a ter que fazer 11, 12, 13, 14…

O foco do ser humano não deve ser o desejo. Temos que treinar: devemos frustrar nossos desejos. Esta é a principal forma de viver o que é real e aprender a usufruir o que já existe. Chamamos isto de privação voluntária; não precisa ser radical, mas se privar o bastante para não sermos dirigidos pelos desejos.

Na minha cidade natal as pessoas se perguntavam: “porque a manga do vizinho é sempre melhor”? Era uma época em que as pessoas tinham árvores frutíferas no quintal. O desejo os treinava cotidianamente a desprezar o que tinham e VALORIZAR O QUE NÃO TINHAM. Um horror! Um vizinho “sonhava” com as mangas do outro vizinho, os dois desejando o que não tinham e desprezando o que tinham. Péssima escolha, porque tiveram um péssimo treino mental.

O real é onde estão as potencialidades e oportunidades. Mas, o desejo diz: “quero mais, não quero isto, quero algo melhor, não sou bobo de querer só isto”. O desejo só é eficiente se desqualificar o que é real. A desqualificação começa com o afastamento do que é real. Pode ser através de fantasias, através de preguiça, perda de sentido, perda da motivação, etc. A criança do centro espírita transformou o que ela não gostava em algo insuportável. O dono do pé de manga tornou o que ele gostava em algo com menos satisfação – tenho manga, mas ela não é tão boa.

O desejo é uma ilusão, devemos ter muito cuidado com ilusões. Algumas pessoas dizem: “lutem pelos seus sonhos. Lutem pelos seus desejos”. Não há problema se este sonho/desejo apenas refletir uma meta ou objetivo de vida, ou seja, uma direção. O desejo nos ajuda a ter direção. Um dia temos que escolher se seremos advogados, engenheiros, agricultores, etc. O principal vetor desta decisão deve ser a vocação, mas o desejo é uma ajuda. Sendo pequeno, o desejo não conseguirá agregar trabalho, complicação e insatisfação na vida humana, o que, se acontecesse, certamente dificultaria a percepção da própria vocação.

Resumindo: o desejo agrega trabalho para o ser humano. O desejo nunca está no presente, no que já existe e pode-se usufruir. Ele leva ao desprezo do que é real. Ao ser humano é prioritário intensificar a vida através da vivência do que existe no aqui e agora. É neste momento que estão as oportunidades e acontecem as experiências que podem produzir o amadurecimento e a ampliação da consciência. Ao intensificar as vivências, a vida se expande a as pessoas podem conquistar muito mais objetivos do que se tivessem se apegado a desejos. O desejo é uma restrição da vida humana. O desejo, para existir, tem que produzir negatividades e desfocar as pessoas dos objetivos centrais da vida. Devemos treinar para aprender a viver sem sermos conduzidos pelos desejos, neste treino a privação voluntária ocupa um lugar importante.

http://caminhonobre.com.br/2011/10/06/desejos-criando-sofrimentos/

Regis Mesquita
Campinas - SP http://www.tvphipnose.com.br/

domingo, 25 de setembro de 2011

Entre o Bem e o Mal

Moral é um conjunto de regras de conduta e lugar, para uma determinada pessoa ou grupo de pessoas, isto é, existem várias e diversas morais. Ética é a ciência que julga a legitimidade destas morais, é uma reflexão crítica sobre a moralidade, uma qualificação de ações do ponto de vista do bem e do mal, uma referência para os homens basearem suas decisões.

Peter Singer, um dos maiores especialistas em ética aplicada diz que a ética é a soma de todos os atos, pequenos e grandes, no dia-a-dia.Essas atitudes terminam repercutindo no comportamento geral da sociedade, para o bem ou para o mal.

Os indivíduos, sujeitos sociais, comumente não se dão conta de que excitar a violência, direspeitar um idoso,falar mal dos outros, furar uma fila, avançar o sinal, infringir uma lei, andar pelo acostamento, dirigir embriagado, dar mau exemplo de conduta aos seus filhos, são ações que, somadas de indivíduo em indivíduo, vão ter eco inevitavelmente na coletividade e fatalmente no comportamento de todos.Tem gente que inventa todo tipo de manobra para usando de má-fé receber Bolsa Família, aposentadoria, e outros benefícios . Isso é o que acontece na classe menos favorecida mas, na elite, a falta de ética não é menos dramática.:

Políticos mudam as leis ao seu “bel prazer”. A tão badalada “lei da ficha-limpa” no início teve muita movimentação,especialmente nas redes sociais, mas, no bom e velho estilo, “jeitinho brasileiro”, “os políticos” mudaram interpretações da lei, conseguiram concorrer nas eleições, tiveram voto de muitos eleitores e, para piorar o vexame nacional, continuaram ocupando cargos públicos. São senadores, deputados, governadores, secretários de estado, ministros, presidentes e diretores de estatais, etc. O Eleitor também é responsável por isso.

Somente nesses 9 meses de governo, a presidente Dilma já demitiu, por corrupção, 4 ministros. Sem contar com a saída do chefe da casa civil que “pediu para sair”. Se a presidente considerar todas as denúncias de improbidade, prevaricação, enriquecimento ilícito, nepotismo, outros cairão do governo.

Em tempos de PAC da COPA, não vamos esquecer do cartola Ricardo Teixeira. Sujeito que o mundo inteiro acusa de corrupto e que continua sendo o “dono da bola”, o “dono da FIFA”. Também não podemos deixar de fora o Ministro do esporte e seus 6 milhões para “torcida organizada”.

O pior é ver que tudo isso esta tão banalizado que os cidadãos de bem acabam por “não ter lugar” no seu próprio país que, longe de ser um lugar de oportunidades para os cidadãos, políticos e profissionais sérios, vem se constituindo cada vez mais num país de oportunistas, onde o “ jeitinho brasileiro” é preponderante .

Lamentavelmente num lugar “de quem quiser que dê seu jeito”. Onde não há lugar valores como Ética e Moral. Estamos à beira do precipício, quase ao ponto de encararmos a Corrupção como uma “questão cultural”, não (in) moral.

Exemplos absurdos não nos faltam. Essa falta de ética generalizada é que desestabiliza os valores, o comportamento social e compõe um verdadeiro arsenal de mazelas sociais que, por sua vez, geram violência. Essa mesma violência que sufoca a cidadania e que está cada vez mais rotineira na vida de milhões de brasileiros.

Vivemos tempos de barbárie onde a vida de uma pessoa não tem valor algum.Tempos de vale tudo.

Precisamos resgatar o mais rápido possível nossos valores éticos-morais, senão, onde vamos parar?


Jupiraci Borges

Coordenador do Movimento Salvador Pela Paz

www.salvadorpelapaz.com.br

terça-feira, 20 de setembro de 2011

NOTA DE ESCLARECIMENTO DO MSTS


DO: MOVIMENTO DOS SEM TETO DE SALVADOR
A: RÁDIO NOVA SALVADOR FM
BRONCAS DO BATATINHA



Caro Batatinha,



Tendo em vista as denúncias infundadas da Sra. Carla Maria Santana Alvim e do Senhor Pedro Cardoso, contra a pessoa do Sr. Idelmário Proença e contra o MSTS, servimo-nos do presente para esclarecer o seguinte:

1 – Lamentamos que um problema de ordem pessoal entre uma ex-coordenadora e o atual coordenador Estadual do MSTS/MSTB, esteja sendo tratado publicamente, além de tudo, envolvendo a Coordenação do MSTS, portanto, muito não temos a falar sobre o assunto, a não ser sobre o caráter e a personalidade ilibada do Coordenador Idelmário Proença, que sempre preocupado com os sem tetos e a preservação de toda a coordenação, nunca admitiu ou permitiu, paternalismo ou atos e ações que proporcione privilégios a quem quer que seja na aquisição das casas, muito menos parentes ou amigos. Sobre a situação pessoal relacionada à GUARDA DO FILHO deles, suscitada pela ex-coordenadora só temos a dizer que Idelmário Proença sempre foi um homem transparente, justo, honesto e humano, do ponto de vista pessoal, somos testemunha que se trata de um pai presente, carinhoso, atencioso e que sempre fez questão de estar sempre ao lado de seu filho. Fatos estes, publico e notório. Possivelmente estas tenham sido as as principais razões que a JUSTIÇA acertadamente lhe concedeu a GUARDA DO SEU FILHO. O que infelizmente não podemos testemunhar em favor da ex-coordenadora Carla Alvim, que sempre teve no Movimento dos Sem Teto um comportamento questionável do ponto de vista da relação pessoal, intempestivo e às vezes desequilibrado.

2 – Quanto a seleção dos cadastrados do MSTS, para receberem as casas do Programa Minha Casa Minha Vida, o MSTS sempre agiu e sempre estará agindo de forma justa e transparente. Das unidades habitacionais destinadas ao MSTS através de Decreto Estadual, 80% delas o MSTS/MSTB, busca resolver os problemas dos que vivem em acampamentos e 20% das unidades habitacionais são destinadas para os sem tetos que militam em núcleos de Bairros, afinal dos quase três Mil recebimento de casas, temos a informar, que as duas primas desta senhora, de fato estão selecionadas para o recebimento das casas, pois se tratam de pessoas cadastradas, que participam das atividades e reuniões dos núcleos, entretanto, após o questionamento desta senhora, a Coordenação do MSTS estará avaliando a manutenção ou não dos seus cadastros;


3 – Todas as inscrições dos sem tetos, após suas fichas de inscrição ser digitada, encaminhada aos órgãos competentes e ficar no sistema digitalizado do MSTS, são incineradas, portanto, não procede a denúncia infundada de que fichas são lascadas;

4 – Tanto no Programa Minha Casa Minha Vida, quanto nos cadastros internos do MSTS, não há nenhum impedimento de parentes de coordenadores serem inseridos, todavia, por uma questão ética e moral, nenhum parente ou amigo de coordenadores, muito menos de Idelmário Proença, recebeu casas, pois o atendimento continua sendo por antiguidade, participação, os que mais precisam mulheres e idosos. Quanto aos parentes de Carla Alvim que ela alega estar na listagem para que Idelmário Proença se apropriou de um recurso do Estado para construção da Cooperativa de alimentos para os sem teto de Salvador. Deixamos claro aqui, quer no ano de 2006, tratamos e concluímos que não houve nenhum ilícito, até porque os recursos da antiga Secretaria de Combate a Pobreza, não foram passado para o MSTS, muito menos para qualquer coordenador e sim passado diretamente para a empresa que construiu as casas dos sem tetos de Valéria e esta realizou as devidas prestações de conta ao Estado. Esta conclusão assim chegou também o Ministério Público. Como já dito o que o senhor Pedro Cardoso têm que fazer e prestar contas do dinheiro recebido da CESE e de outras entidades que fizeram doação para a realização do Congresso do MSTS,realizado no ano de 2005, inclusive, no ano de 2006 houve uma denúncia contra este senhor na Delegacia de Furtos e Roubo relacionado a falta de prestação de contas dos recursos do Congresso do MSTS/MSTB.

5 – Como já exposto, a unidade habitacional que seria destinada a Idelmário Proença no ano de 2008 na Estrada Velha do Aeroporto, por iniciativa dele próprio e tratado de forma transparente tanto na coordenação do MSTS, quanto no órgão Estatal, seu cadastro foi transferido para seu filho e que por problemas de ordem pessoal, em abril de 2009, o mesmo fez a devolução da unidade habitacional a CONDER, através de protocolo número1403090024079, Quanto ao seu irmão Marcos Proença, embora seja também um dos fundadores e coordenador do MSTS, jamais recebeu casa pela nossa organização, o mesmo tem um apartamento financiado diretamente pela CEF no Bairro de Cajazeiras, portanto, improcede também a suposta denúncia da Sra. Carla Alvin.

6 – Quanto ao senhor Pedro Cardoso, trata de uma pessoa inconsequente, irresponsável, desonesto, cheio de vícios e desvios, que em todo o tempo em que conviveu conosco, o seu proposito sempre foi prejudicar os sem teto em detrimento de se promover e promover a sua corrente politica – pois a este senhor não interessa que os Governos construam casas, este senhor sempre desenvolveu sua politica desastrada, com a máxima do “QUANTO PIOR MELHOR”, máxima esta que até o LENINISMO já provou que é inconsequente. Conclusão esta que chegamos quando este senhor, “organizou” a ocupação das casas do Bairro de Valéria no ano de 2004, já destinadas aos sem tetos cadastrados. Posteriormente sem nenhum tipo de discussão com a coordenação e sem comunicar aos sem tetos, ocupou as dependências da CONDER, justamente na véspera do órgão Estatal assinar a ordem de serviço para o inicio das construções das casas dos sem tetos da Estrada Velha do Aeroporto e para os que viviam no Clube Português. O Proposito deste senhor era que o acordo em andamento com o Governo da época fosse malogrado e assim ele continuar utilizando os sem tetos como massa de manobra.

7- Após estes fatos houve um “racha” na Coordenação do MSTS/MSTB. Importante ressaltar que a grande maioria da Coordenação e dos acampamentos não seguiu as orientações deste senhor. Dos 36 coordenadores e dos 17 acampamentos, apenas seis coordenadores e dois acampamentos os seguiram, os demais permaneceram no CAMPO DO MSTS DENOMINADO DE “DEMOCRÁRICO E POPULAR” Fatos estes que provocaram neste senhor a tentativa de desgaste de Idelmário Proença, com uma serie de especulações e subjetividades, dentre elas a de cadastrados do MSTS, mil e novecentos vivem em acampamentos e os demais vivem de favor, em casa de parentes ou de alugueis e se reúnem mensalmente com a coordenação em seus locais de origem e que cuja relação com seus nomes foram encaminhadas a SEDUR-Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia e para a SEDHAM, no inicio do ano de 2009, desta forma se justifica que os 115 sem tetos que viviam na antiga Fábrica Barreto de Araújo, já receberam suas casas; 138 da antiga Fábrica da Toster já foram selecionados pela Caixa Econômica Federal para receberem suas casas; 150 que viviam na antiga Fábrica da Alfred também foram selecionados para receberem suas casas; 150 dos galpões da Leste (antiga Rede Ferroviária Federal) também já foram selecionados, 20 do Edifício Rajada, 30 do Edifício Matelba, 20 do Edifício Avelino; 200 do acampamento denominado de Portelina, localizado na Ladeira de Cajazeira VIII; 84 da Chácara Bom Conselho na Estrada Velha do Aeroporto. Além desses, foram selecionados também para receberem suas casas, 10 famílias dos Núcleos de Fazenda Grande III; 10 do Núcleo de Cajazeiras 6; 10 do Núcleo de Novo Marotinho; 10 do Núcleo de Mussurunga,; 10 do Núcleo da Península Itapagipana; 10 do Núcleo deFazenda Coutos; 10 do Núcleo de Saramadaia; 10 do Núcleo de São Caetano; 10 do Núcleo da Fazenda Grande do Retiro. Importante ressaltar que todas estas famílias contempladas são de baixa renda, vivendo em acampamentos ou em casas alugadas ou de parentes e em condições precárias, além de que, todo o processo foi realizado de forma justa, democrática e transparente e que cuja listagem ao ser enviada aos órgãos competentes, seguem assinadas pelo coordenador local – quer seja dos acampamentos, quer seja dos núcleos e mais 3 coordenadores que têm assento no Conselho das Cidades, ficando claro assim, que não é o sr. Idelmário que encaminha as listagens com os nomes para se habilitarem as casas, a revelia dos demais coordenadores, portanto, não procede a denúncia de favorecimento a parentes e ou à amigos;


Diante do exposto, a Coordenação do MSTS/MSTB repudia as atitudes irresponsáveis dos denunciantes, ao tempo em que renovamos nossa confiança e admiração pelo Coordenador do MSTS/MSTB Idelmário João Proença de Jesus, que, diga-se de passagem, além de coordenador do MSTS/MSTB, por uma questão de mérito, respeito e confiança, é Idelmário Proença que nos representa no Conselho Estadual das Cidades, no Conselho do Fundo Estadual de Habitação, no Conselho Municipal das Cidades e no Conselho do Fundo Municipal de Habitação.

Outrossim, esclarecemos que o Programa Minha Casa Minha Vida, é um dos maiores programas habitacionais que este Pais já teve, iniciado no Governo do ex-Presidente LULA e que a atual Presidenta Dilma esta dando continuidade. Trata-se de um programa que majoritariamente tem atendido as pessoas que mais precisam, com critérios de seleção e transparência, portanto, todo e qualquer cidadão de bem, deve tratar este programa habitacional com respeito e seriedade, pois nós do Movimento dos Sem Teto de Salvador e da Bahia, temos feito a nossa parte, contribuindo assim para que o principal sonho de uma família seja efetivamente realizado. O SONHO E O DIREITO DE MORAR DIGNAMENTE.


Salvador, 19 de setembro de 2011.

Assinam os coordenadores do MSTS/MSTB

Confira a denuncia na integra no site do Radialista Batatinha no link abaixo;

http://radialistabatatinhanews.com.br/recados.php?pag=4

sábado, 10 de setembro de 2011

Salvador Pela Paz faz Palestra na TV Pelourinho


Salvador pela Paz é um movimento de direitos humanos que atua na cultura de paz nas comunidades com foco na intervenção social, em parceria com o poder público.

A Ong também denominada de Instituto Baiano da Paz, promoveu na TV Pelourinho, em seu estúdio a palestra Conflitos e Emoções Sociais, com o objetivo de promover e divulgar ações no sentido de trazer à luz uma pauta propositiva para o combate a violência .

A Palestra foi ministrada pela escritora e consultora em comportamento humano: Denilza Munhoz e a Produtora artistica cultural e representante da comunidade do pelourinho: Sra. Jussara santana.

Este evento marca o inicio de um calendario repleto de atividades do Salvador Pela Paz no Centro Histórico.

Jupiraci Borges, líder comunitário é o fundador deste movimento e tem como colaboradores, Sheila Varella, Patricia Nuno e o Campeão Brasileiro de jiu-jitsu Eduardo Míliole. Esta ação é constituída em sua grande maioria por gente comum , estudantes da rede pública e privada, funcionarios públicos, lideranças comunitárias, jovens, adultos e idosos, gente simples que podem contribuir, mobilizar, falar, pensar juntos, sonhar com uma sociedade mais justa e pacífica.

O Salvador Pela Paz tem como missão à construção de conjecturas, ações e projetos que contribuam na formulação e avaliação de políticas públicas voltadas para a superação das desigualdades sociais.

Link da Noticia: TV Pelourinho

http://www.tvpelourinho.com.br/index.php?menu=noticia&COD_NOTICIA=128

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cheio de Arte

Minorias já estão virando maioria: um saco!



Por James Martins

Eu, por exemplo, quando coloquei a primeira tatuagem ouvi de minha mãe (aborrecida mãe) que aquilo dificultaria na hora de arrumar emprego. Qual o quê? Argumentei, profético, que em pouco tempo haveria tanta gente tatuada que se os empregadores exigissem pele limpa não teriam mais a quem explorar com seus baixos salários. De fato: hoje em dia até os evangélicos, os judeus e as mães de família têm tatuagem. Difícil é encontrar alguém que não exiba os desenhos à tinta pelo corpo. Deixamos, os tatuados, de ser uma minoria contestadora, ousada, pra frentex. Ao contrário: tatuagem virou caretice! Não tem jogador de futebol que não tenha o nome do filho, da mãe, do cachorro... ou uma frase louvando a deus para exibir na hora do gol. Fez-se uma hegemonia. Da mesma forma, o advogado Waldir Santos me dizia: - “É muita coragem de sua parte dizer publicamente que não fuma maconha. Você mostrou não temer pressões e discriminações. Mostrou bravura” (se referia a este artigo). Brincadeiras à parte, há por detrás da ironia de Waldir a denúncia de algo cada vez mais fácil de identificar: as minorias estão se tornando maioria; inclusive com todos os vícios, desmandes e avidez por privilégios. Assim, assumir que não trai, que não usa drogas, que sente ciúmes ou que nunca viu um disco voador, em certos meios, é pedir para sofrer bullying, discriminação, etc. Não é outra coisa que o genial Falcão anuncia na letra de ‘A Sociedade Não Pode Viver Sem as Pessoas’: “Não é preciso ser nenhum Nostradamus / Pra saber que daqui a bem poucos anos / Quem não for viado não vai estar na moda”. Eis o que eu quero dizer: as lutas pelos direitos das chamadas minorias, ainda que justas, geram tantas distorções que de oprimido a opressor basta um dedinho ou uma melaninazinha a menos ou a mais.

Podemos falar em reversão do meio superaquecido ou troca periódica de sinais. O fato é que a mania do politicamente correto e a recente onda legisladora estão, me parece, criando um ambiente insalubre de falsa diversidade e muita adversidade. Por exemplo, aquele mesmo artigo em que reivindico a defesa dos evangélicos para o casamento civil dos homossexuais. Não estou, ali, em defesa de ninguém senão da razão – essa mal amada. Os evangélicos ou não entendem o óbvio ou se fazem de desentendidos. Até aí era o esperado. Agora, no ponto em que digo que “os evangélicos têm todo o direito de continuarem acreditando que a homossexualidade é uma prática torpe inspirada pelo Satanás”, os meus amigos viados e pró-viados também desentenderam, preferindo no lugar do confronto de idéias uma opção pela censura. Brochei. Depois, lendo uma entrevista do pastor Silas Malafaia, repleta de absurdos, tive que concordar com o ex-bigodudo na declaração a seguir, que dá um banho em diversos pretensos libertários: "O comportamento homossexual é um direito que a pessoa tem. O direito de ser é guardado pela Constituição, pelo livre-arbítrio. Não quero que ninguém seja eliminado. Critica-se presidente da República, critica-se pastor, padre, deputado, mas não pode criticar uma prática? Em hipótese alguma. Querer eliminar homossexual é homofobia. Não quero isso. Quero discutir com um homossexual e poder dizer que sou contra a prática dele, assim como os gays podem me dizer que são contra a prática dos evangélicos. Isso é democracia". Tá certíssimo o pastor. Por exemplo, eu de novo: sou preto (ou quase preto), mas defendo bravamente o direito de racistas, nazistas e outros imbecis argumentarem que sou inferior ou o que seja. Só não vale agressão, mas pra isso já existe lei.

E por falar em agressão, não creio ser coincidência esse boom de ataques promovidos por grupos neonazistas, skinheads e sei lá o que mais. Lembro até de um tal vampiro tabaréu que matou uma garota em Belém do Pará no ano passado. Embora longe de mim querer justificar absurdos assim com nenhum pretexto, acho que essa onda de violência tem ligação direta com o clima recente de vigilância extrema a respeito dos preconceitos e todas essas leis de proteção às minorias. Lei não é evolução, muito pelo contrário. E evolução humana só se dá mediante o confronto livre de idéias, que é justamente o que muitas dessas leis pretende exterminar. Então, na verdade a caça às bruxas onde tudo é homofobia, racismo, machismo..., sufoca tanto os indivíduos que provoca uma verdadeira bruxaria (ou bruxalhada) como refluxo. Mas eu nem sei se posso dizer bruxaria ou se isso ofende alguém. Curioso é que nunca talvez foi tão adequada aquela reflexão de Nietzsche, de que é preciso defender os fortes dos fracos. Não quero dizer com isso que gays, negros e mulheres sejam fracos e brancos, machos e machões fortes. Mas que muita vez é esse o pensamento implícito na indulgência mórbida em favor daqueles (e no rigor também doentio contra estes). Senão, porque é que Fernando Guerreiro diz claramente no rádio que acha as atendentes paulistas “gélidas”, “sem sal”, etc. e ninguém diz nada? Ora, porque baianos e nordestinos podem. E por que podemos? Ora ora, porque somos fracos. Agora, sejamos francos: e se um radialista paulista dissesse que acha as atendentes baianas lesas ou folgadas não seria uma putaria? Meu raciocínio não visa impedir que Guerreiro, o querido F. Guerreiro, seja barrado de opinar sobre as paulistas. Antes, que paulistas, gaúchos e argentinos não sejam acusados de etnocentrismo por todos os juízos que façam de nordestinos ou brasileiros. Fica um lance como se a gente possa falar por que somos coitadinhos que ouvimos a vida inteira, credores históricos, e os paulistas não – por serem os devedores, os mais fortes, aqueles com poder de ofender. E, novamente no meu caso, não sou coitadinho coisíssima nenhuma.

Um exemplo fala mais que mil palavras. A famosa agredida Maria da Penha declarou que a lei que leva seu nome não deve ser usada para defender homens (nem viados) agredidos, só mulheres. E argumentou assim: "Você há de convir que a mulher que bate em um homem faz um estrago muito menor". É o mesmo atestado de fraqueza, que, a meu ver, deveria ofender as mulheres. No fundo, o argumento dela é machista. Mas por conveniência. Senão, porque as mulheres reivindicam salários iguais na construção civil? Elas não são mesmo mais fracas? Vá dizer isso à Paula Amidani. Mas as minorias querem tudo. Eu falava em distorções. Eis o que quero dizer: não sou machista por discordar do projeto da deputada Luiza Maia; não sou racista por discordar da política de cotas; não sou paulista por achar o atendimento em Salvador terrível. A música horrível de Tiririca (hoje deputado federal), ‘Veja os Cabelos Dela’, deu processo porque se refere pejorativamente a uma mulher negra. Já a música do Ilê Aiyê que diz “branco se você soubesse o valor que o preto tem / tu tomava banho de piche e ficava preto também / e não te ensino minha malandragem, nem tampouco minha filosofia, / porque quem dá luz à cego é bengala branca e Santa Luzia” é um marco na luta contra o racismo.

E é quando a tentativa de compensar os sofrimentos (reais) causados pelos preconceitos e discriminações ultrapassa os limites e torna-se em si um abuso semelhante àquele que combate, cria-se a impressão de ditadura do excêntrico. Ou dos mais fracos. E vêm daí as piadas como a de Waldir Santos (citada) sobre os maconheiros. De fato, fica a impressão de que somos obrigados a sermos ou adorarmos o que até então era vetado. Lembro de um programa em que Chico Anísio apresentava o “incrível homem que NÃO viu um disco voador”, naquela época em que até a Elba Ramalho foi abduzida. É o mesmo espírito. Tem muita gente que evita opinar sobre o desempenho de um funcionário gay, baiano ou deficiente físico temendo ser acusado de preconceituoso. Por outro lado, achei uma tremenda babaquice a ideia do ‘Dia do Orgulho Hétero’. E, ainda por outro lado, empunhar as bandeiras das minorias (afinal preto é minoria ou maioria?) virou estratégia fácil para os demagogos de plantão. Para onde se olha só se vê minorias com suas tábuas da lei de reivindicações e 10 mandamentos. Só o indivíduo não tem vez. Eis a verdadeira minoria: a do indivíduo lúcido que defende princípios em vez de grupos. Esses sim sofrem o diabo. Os outros estão bem encaixados em seus grupos bem definidinhos. Tanto que a campanha contra a agressão a homossexuais foi atacada porque o garoto-propaganda é branco. Patrícia Conceição, que aliás é insuspeita, está me dizendo que existem subdivisões extremas, por ex.: mulheres lésbicas negras nordestinas canhotas torcedoras do Vitória. Acredito piamente que em breve teremos uma nova classe, a dos ex-confinados (ou ex-BBB’s). Eles vão alegar que o estrelato repentino e o desaparecimento também repentino deixaram-nos traumatizados e com distúrbios psicológicos (alguns inclusive desconhecidos da psicanálise). Os ex-BBB’s vão pedir indenização do Estado e cota de aparição midiática. Vão fundar partidos e promover o Dia do Orgulho ex-BBB. E tem mais, os ex-Casa dos Artistas vão considerar os ex-BBB’s um grupo privilegiado que chora de barriga cheia. E ai de quem chamar algum deles de anônimo: processo certo! Pois é, Waldir, só acendendo um baseado pra relaxar.

Artigo Publicado no Bahia Noticias

Link:http://www.bahianoticias.com.br/entretenimento/noticias/cheiodearte/2011/09/08/263,minorias-ja-estao-virando-maioria-um-saco.html

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Maioridade Penal: o X da Questão


Atualmente, a Constituição define 18 anos a idade mínima para que alguém possa responder por um crime. Desde 2007, uma proposta de decreto legislativo sobre a realização de um plebiscito aguarda votação na Câmara dos Deputados. A proposta, do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), que foi reeleito, prevê três opções de resposta no plebiscito: manter a maioridade em 18 anos, fixá-la em 16 anos ou, ainda, em 14.

A redução da maioridade penal é um tema recorrente no Congresso. Desde a promulgação da Constituição, em 1988, o assunto é motivo de seminários, projetos de lei e pedidos de plebiscito – a maioria das propostas que podem alterar a legislação, no entanto, acabou sendo arquivada.

Porém, no início deste mês, a PEC 20 a Proposta de Emenda à Constituição nº 20), de 1999, propondo o rebaixamento da idade de imputabilidade penal (não ser responsabilizado por crime) de 18 para 16 anos, foi desarquivada no Senado Federal e aguarda entrar na ordem do dia para votação. A PEC 20, de autoria do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, junto com outros senadores foi desarquivada a pedido do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator da proposta.

O desarquivamento da PEC 20, o plebiscito e movimentos como os recentes: "Jornada pela redução da idade penal", além da defesa para a criação da Frente Parlamentar pela Redução da Maioridade Penal, tem preocupado entidades contrárias à redução da idade penal.

No Brasil o crime se constitui numa alternativa perversa, recrutando enorme contingente de jovens entre 12 a 18 anos de idade. Este segmento lidera as mortes violentas no Brasil, criando uma estatística macabra que ameaça o futuro da nação.

Nossas leis de proteção à juventude fracassam diante da falta de oportunidades, educação e da imensa desigualdade social. O Código da Infância e da Adolescência é um exemplo para muitas nações, mas praticamente não funciona, porque o Estado brasileiro não foi capaz de realizar os investimentos necessários à construção da infra-estrutura necessária.

O fato é que com a enorme quantidade de crimes praticados por menores, chegou a hora de encararmos a questão.

Assim, para contribuir qualitativamente com o debate, o Movimento Salvador Pela Paz esta realizando, através de sua comunidade no orkut: (http://www.orkut.com.br/Main#Community?rl=cpp&cmm=92310154),, uma enquete sobre a maioridade penal aos 16 anos. (PEC 20. O resultado, até o momento, constatou que 71% dos participantes são favoráveis à redução da maioridade, o que nos remete a um grande debate quanto as causas e conseqüências e, principalmente, se o Estado brasileiro tem estrutura física e de pessoal para "abrigar" esses jovens. investimentos necessários à construção da infra-estrutura necessária.

Prender apenas não resolve. Qual modelo de "penitenciária" é adequado?

São muitas as questões para serem debatidas e amadurecidas.

Nossa sugestão é a criação de "Institutos de Meninas e Meninos" (separados, é claro), onde os jovens e adolescentes infratores passassem a morar. Estariam internados mas, como em qualquer internato estudantil. Lugar onde receberiam visitas dos pais, estudassem , praticassem jogos esportivos, atividades artistica-culturais, etc, como numa boa escola. Isso sairia muito mais barato para o Estado do que o combate ao tráfico e a violência praticado por esses jovens.

Algo tem que ser feito e urgentemente e essa é uma alternativa digna. Seria a verdadeira inclusão a médio prazo. Nos institutos eles estariam aprendendo, sendo reeintegrados e livres da criminalidade. Não seria uma prisão, nem uma nova FEBEM , seria uma Escola Interna.

A população quer solução pois não aguenta mais ser atacada por menores e ve-los retornar às ruas menos de 24hs depois que são levados, quando são, pela polícia. A polícia prende mas depois a justiça solta. E como fica a população? .

Por mais que entenda que os menores são vitimas de uma sociedade excludente, é ela quem paga impostos que são, teoricamente, usados em políticas públicas, que serão destinadas, teoricamente, ao combate a pobreza e a desigualdade social. Então ja paga para que possa viver num pais (e num estado) livre de violência. A socieddae quer seu direito de ir e vir e, lamentavelmente, não tem. Vive oprimida e sem liberdade de ir e vir.

As ruas não pertecem a socieddae, são dos infratores.

Lamentavelmente o preço da liberdade de infratores é o medo cootidiano de sair as ruas e a prisão doméstica (grades nas portas e janelas) que assombra , estudantes, idosos, trabalhadores e trabalhadores, de nosso país.

Solução, Já

Institutos, Já!

Paz, Paz, Paz !!!!

Jupiraci Borges
Coordenador do Movimento Salvador Pela Paz

Link do Artigo: http://www.sejabeminformado.com.br/noticia.php?idNoticia=5250

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Recado aos porcos: "Não, vocês não podem!"


Eles acham que podem tudo. E é nosso dever moral, ético, político, humano, dizer-lhes que não. É nosso dever de pais, de filhos, de professores, de alunos, de trabalhadores, de empresários, de leitores, de jornalistas. É nosso dever! Dos homens e das mulheres livres!

Se militantes políticos, mas cidadãos como quaisquer um de nós, eles podem fazer tudo o que não está proibido em lei — ou arcar com as conseqüências da transgressão. Se funcionários do Estado, podem fazer apenas o que a lei lhes permite. Num caso e noutro, é preciso que lhes coloquemos freios. Não são os donos do poder, mas seus ocupantes. E têm de dançar conforme a música da democracia e do estado de direito. Mas eles estão mal acostumados.

Porque o método da mentira deu certo uma vez, eles repetiram a dose. Porque deu certo outra vez, eles insistiram. Agora estão empenhados em transformar o engodo e a trapaça numa categoria de pensamento, num fundamento, num — e isso é o mais pateticamente ridículo — ato de resistência. Têm de ser relatados. Têm de ser denunciados. Têm de ser combatidos onde quer que se manifestem com seu falso exclusivismo ético, com sua combatividade interesseira; com suas duas morais: a que usam para incensar os crimes de seus pares e a que usam para crimininalizar a decência de homens de bem.

Criminalizaram a Lei de Responsabilidade Fiscal. E ela era boa.
Criminalizaram as privatizações. E elas eram boas.
Criminalizaram o Proer. E ele era bom.
Criminalizaram a abertura do país ao capital estrangeiro. E ela era boa.
Criminalizaram os programas sociais, chamando-os de esmola. E eles eram bons.
Não há uma só virtude que se lhes possa atribuir que não decorra de escolhas feitas antes deles — e que trataram aos tapas e, literalmente, aos pontapés.

Construíram a sua reputação desconstruindo a biografia de pessoas de bem. E acabaram se aliando ao que há de mais nefasto, mais degradante, mais atrasado, mais reacionário, mais vigarista na política brasileira. Poucos são hoje os canalhas da República que não estão abrigados sob o seu guarda-chuva, vivendo o doce conúbio da antiga com a nova corrupção. Se algum canalha restou fora do arco, foi por burrice, não por falta de semelhança. Corromperam, aliás, mais do que as relações entre o público e privado. Promoveram e promovem uma contínua corrupção do caráter.

Perceberam — e há uma vasta literatura política a respeito, que faz o elogio da tirania — que o regime democrático tem falhas, tem fissuras, por onde o mal pode se insinuar e prosperar. Corroem o princípio fundamental da igualdade promovendo leis de reparação destinadas a criar clientela, não cidadãos. E essa doença da democracia já chegou ao Supremo Tribunal Federal. Estimulam movimentos criminosos, ditos sociais, ou com eles condescendem, porque isso alimenta a sua mística dita socialista — se o socialismo era essencialmente criminoso, e eu acho que era, para eles é a virtude possível para esconder seus vícios. São os porcos de George Orwell, de quem parecem simular também o cheiro. Para eles, a única coisa feia é perder. E isso significa, então, que pouco importam os meios que conduzem à vitória.

Tentaram comprar o Congresso com o mensalão.
Tentaram fraudar uma eleição com os aloprados.
Tentaram destruir um adversário produzindo falsos dossiês.

Tentam agora aprovar uma reforma política que é um escárnio à decência, ao bom senso, à inteligência, à racionalidade. E tudo porque não estão aí para aperfeiçoar os instrumentos do estado do direito que tornem cada homem mais livre, mais senhor de si, mas independente do estado. Eles querem precisamente o contrário. É por isso que "ele" já se disse o pai do Brasil e anunciou que elegeria a mãe. Não é o amor filial que os move, mas o vocação para o mando. Querem um país de menores de idade: de miseráveis pidões, de trabalhadores pidões, de empresários pidões... Até de jornalistas — e como os há! — pidões! E eles odeiam os que não precisam pedir, rastejar, implorar. Acostumaram-se com os mascates de elogios, que têm sempre um "bom negócio" para arrancar um dinheirinho dos cofres públicos. Compram consciências e consideram que os que não se vendem só podem ter sido comp rados pelos adversários. Esqueceram-se de que são eles a bênção para os que se vendem porque sempre podem pagar mais.

Estão em toda parte! São uma legião! Realizam a partir desta sexta-feira um congresso partidário, que se estende até domingo. Aproveitarão a ocasião para fazer um desagravo a um dos seus, aquele que se tornou notável, aos 14 anos, segundo testemunho do próprio, porque roubava as hóstias da igreja. Que têmpera corajosa já se formava ali! Até hoje, ao comungar, lembro da minha meninice e colo o Santo Pão no céu da boca. Temíamos, os muito jovens, que o corpo de Cristo sangrasse. Ainda não entendíamos a Transubstanciação da Eucaristia, mas já tínhamos idade para saber que não se deve roubar. É um dos Mandamentos da Lei de Deus! E deve ser um dos mandamentos da lei dos homens. Em qualquer idade.

O ladrão de hóstias pretende ser hoje um ladrão de instituições cheio de moral e razão. Mais do que isso: quer dar à sua saga uma dimensão verdadeiramente heróica. Se, antes, pretendeu ser o paladino da liberdade contra a ditadura, numa história superfaturada, apresenta-se hoje como o paladino da ditadura contra a democracia. O herói é um lobista de potentados da economia nacional e global e reivindica o direito de ter como subordinados homens de estado — cuja conduta é regulada por princípios de ética pública —, com os quais pretende despachar num governo clandestino, paralelo, que se exerce em quartos de hotel, numa espécie de lupanar institucional.

E vilã, na boca e na pena daqueles que tentaram comprar o Congresso, fraudar eleições e destruir adversários, é a imprensa livre, que faz o seu trabalho, que vigia a coisa pública, que zela pelos bons costumes da República — aqueles consubstanciados na Constituição. Querem censurar a imprensa. Querem eliminar a oposição. Querem se impor pela violência institucional. Como os porcos! Aqueles passaram a andar sobre duas patas para imitar seus antigos inimigos. Estes não têm qualquer receio de andar de quatro, escoiceando vigarices, para homenagear os amigos.

Mas não passarão!
Não passarão porque a liberdade de imprensa lhes diz: "Não, vocês não podem!"
Não passarão porque as pessoas de bem protestam: "Não, vocês não podem!"
Não passarão porque a decência se escandaliza: "Não, vocês não podem!"

E por isso eles estão bravos e mobilizam seus sicários na rede. Começam a perceber que o movimento ainda é tímido, mas é crescente. A cada dia, surgem evidências de que suas mentiras perdem vigor, de que suas falcatruas perdem encanto, de que seus crimes buscam mesmo é o conforto dos criminosos, não o bem-estar da população.

Não, eles não podem!
Não calarão a imprensa livre!
Não calarão os homens livres!
Não calarão os fatos.

Agora é a eles que me dirijo, que leiam direito e escutem bem:
"NÃO, VOCÊS NÃO PODEM!!!"

Entre outras coisas, não podem porque estamos aqui.

Por Reinaldo Azevedo, na Veja Online.

domingo, 28 de agosto de 2011

Desmontando a farsa que Dirceu montou - diz Reinaldo Azevedo


José Dirceu, que a Procuradoria Geral da República acusa de ser "chefe de quadrilha", comporta-se como José Dirceu ao compor uma história mal-ajambrada — que não guarda nem mesmo coerência interna — para tentar mudar o foco da questão. Acreditam em suas palavras os seus subordinados ideológicos, os trouxas e aqueles que fazem negócios com a banda podre do petismo. Enviam-me um link do Portal Terra em que se "informa" que Dirceu acusa VEJA de "invadir seu apartamento". É uma mentira dentro de outra. Nem ele próprio teve essa cara-de-pau. A acusação fantasiosa é de "tentativa de invasão". Quem redigiu o texto tentou ser mais "dirceuzista" do que Dirceu. Ah, sim: para o portal, a notícia está na acusação do "chefe de quadrilha" (segundo a Procuradoria), não no FATO COMPROVADO de ele receber a cúpula do governo num aparelho clandestino.

Dirceu é realmente um homem notável. Parece ter certa dificuldade para identificar um crime. Não por acaso, referindo-se, certa feita, ao mensalão, disparou: "Estou cada vez mais convencido da minha inocência..." Muito bem! No texto patético publicado em seu blog nesta sexta-feira, NUMA TENTATIVA DE INTIMIDAR A VEJA E DE SE PRECAVER DO QUE ELE JÁ SABIA QUE A REVISTA SABIA, afirma esse monumento da moralidade nacional que o repórter Gustavo Nogueira "tentou invadir" na quarta-feira o quarto em que ele se hospedava.

É mesmo? Na quarta?

Sabem quando foi registrado o Boletim de Ocorrência denunciado a suposta "tentativa de invasão"? SÓ NA NOITE DE QUINTA. Ou seja: foram necessárias, então, mais de 24 horas para que a segurança do hotel e José Dirceu acusassem o suposto crime. Que gente lenta, não é mesmo? Que gente lerda, não é? Lembra a piada da pessoa decorosa que dá 24 de prazo para que o outro lhe tire a mão da coxa...

Não percam o fio. A "tentativa de invasão" teria ocorrido em algum momento da quarta, Dirceu não dá a hora, mas o BO só foi lavrado na noite do dia seguinte. O que teria levado à decisão de criar a farsa? Dirceu confessa em seu texto. Na tarde de quinta-feira, o jornalista Daniel Pereira, de VEJA, encaminhou-lhe por e-mail algumas questões, a saber:
1 - Quando está em Brasília, o ex-ministro José Dirceu recebe agentes públicos — ministros, parlamentares, dirigentes de estatais — num hotel. Sobre o que conversam? Demandas empresariais? Votações no Congresso? Articulações políticas?
2 - Geralmente, de quem parte o convite para o encontro - do ex-ministro ou dos interlocutores?
3 - Com quais ministros do governo Dilma o ex-ministro José Dirceu conversou de forma reservada no hotel? Qual o assunto da conversa?

A farsa
Pronto! Dirceu percebeu que a casa tinha caído, que seu bunker — NÃO O SEU APARTAMENTO OU QUARTO — havia sido invadido pela democracia. As perguntas enviadas por Daniel Pereira evidenciavam, sim, que VEJA já sabia de tudo. Era preciso inventar rapidamente uma história; era preciso fornecer à Al Qaeda eletrônica, que presta serviços à banda podre do PT, uma versão, uma história, para espalhar na rede. Afinal, não foi sempre assim? "O mensalão nunca existiu", lembram-se? Tratava-se apenas de "recursos não-contabilizados".

Em se texto ridículo, ele afirma ter o direito de se encontrar com quem quiser. Claro que sim! Não duvido que tenha mantido colóquios com pessoas de muito mais baixa estirpe do que aquelas que foram lá se ajoelhar. Elas é que não podem e não devem manter encontros secretos com um declarado "consultor de empresas privadas", que é só uma perífrase para a palavra "lobista". Se os convivas de Dirceu fossem empresários, sindicalistas, gente sem qualquer cargo público, a coisa não teria o menor interesse. O Zé sentiu cheiro de carne queimada e resolveu investir numa fantasia cretina. Ora, tivesse mesmo havido o "crime" da reportagem da VEJA, que se acionasse a polícia imediatamente. Não! Dirceu só se lembrou de fazê-lo quando recebeu as perguntas enviadas pela reportagem.

Pessoas ouvidas
VEJA ouviu — reproduzi no post da manhã deste sábado imagens que o comprovam — os empregadinhos de Dirceu que foram lá fazer a genuflexão. Àquela altura, todos eles estavam numa troca frenética de telefonemas: "Ihhh, ferrou! A VEJA descobriu!" — como costuma acontecer, né? Era preciso dar alguma resposta. Como explicar que um ministro do Estado, um presidente de estatal, três senadores do PT, o líder do governo na Câmara, entre outros, tenham ido ao encontro de Dirceu, todos eles interessados na queda do então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci? Era, obviamente, uma conspiração contra o próprio governo Dilma. E se criou a farsa da "tentativa de invasão". Cumpre fazer uma nota à margem: ainda que tivesse havido, não há um só dado da reportagem que pudesse ser atribuído a ela.

Quem é o hóspede?
Há outras impropriedades no texto de Dirceu. Ele diz, por exemplo, que a reportagem de VEJA "tentou invadir o apartamento no qual costumeiramente me hospedo em um hotel de Brasília." As palavras fazem sentido. Dirceu nem mesmo é "hóspede" porque quem paga a conta é o escritório de advocacia Tessele & Madalena. Aliás, como informa o BO, a empresa deixa à disposição do valente não um, mas dois quartos. Foi do advogado Helio Madalena, um dos sócios, apurou VEJA, a idéia de denunciar a "tentativa de invasão". Não é a operação mais complexa em que já se meteu. Já se mobilizou, por exemplo, para que o Brasil concedesse asilo político ao mafioso russo Boris Berenzovski. Esses petistas, diga-se, lembram muito aquilo que, no velho Nordeste, se chamava "rapariga": contam sempre um "senhor" que os ajuda. Por que um "consultor" de sucesso como Dirceu não pode pagar a conta dos apartamentos em que "costumeiramente" se hospeda, como ele mesmo diz?

Há mais: a história relatada no BO não bate com o que afirma Dirceu em seu post. As inconsistências, no entanto, são, em si irrelevantes. No fim das contas, é tudo parte do jogo. Essa é uma velha tática dessa gente: espalhar 10 versões ao mesmo tempo, todas elas contraditórias entre si, para que seus adversários percam tempo desmentindo a penca de mentiras, como se estivessem se justificando.

Quem tem se de justificar é José Dirceu!
Quem tem de se justificar é Fernando Pimentel!
Quem tem de se justificar é José Sérgio Gabrielli!
Quem tem de se justificar são todos aqueles que foram prestar serviços ao governo clandestino montado por José Dirceu e que serve de núcleo de conspiração contra o governo eleito, que é o Dilma Rousseff.

Dirceu não foi eleito por ninguém! Ao contrário: Dirceu é, diz a Procuradoria, um "chefe de quadrilha" cassado.

Quanto à Al Qaeda eletrônica, dizer o quê? A canalha vai ter de pedir aumento a quem lhe paga o salário. VEJA TEM OBRIGADO OS VAGABUNDOS A TRABALHAR TAMBÉM AOS SÁBADOS E DOMINGOS.

Por último: VEJA não invadiu lugar nenhum! Quem sabe um dia a ala profissional da Polícia Federal o faça. Afinal, a reportagem de capa, com efeito, não relata um caso de política, mas um caso de polícia.

Por Reinaldo Azevedo, na Veja Online