segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Inimigo Oculto

Por Marcos Paterra

Quando se fala em inimigo oculto, logo se imagina um psicopata que mora por perto, ou um falso amigo que descobrimos ser um “inimigo”... Será? Quem seria nosso maior ou pior inimigo? Quem poderia fazer-nos mal sem que percebamos?

A resposta tem múltiplas interpretações porem no espiritismo podemos nos ater na questão 919 do Livro dos espíritos.[1]

Temos infelizmente em nossa cultura o costume de pré-julgar e na maioria das vezes condenarmos o outro por simples ignorância e pior... Por puro egoísmo.

“[...] a maior barreira à comunicação interpessoal é a tendência muito natural para julgar, para avaliar, para provar ou para desaprovar as afirmações de outra pessoa ou de outro grupo”[2]

Podemos nos perguntar:

· Somos egoístas?

· Somos ciumentos?

· Temos acessos de raiva?

· Não somos educados?

Essa entre tantas outras perguntas com certeza na maioria das respostas é SIM!

Muitas vezes cruzamos com um desconhecido, e sentimos uma antipatia sem ao menos o conhecer, vem em mente a velha frase “Nossos santos não se cruzam”, e por vezes não se cruzam devido aos nossos pensamentos negativos.

Assim como no mesmo exemplo acima depois de certo tempo descobrimos que o tal desconhecido é “gente boa”, “que não é o que parecia!” E nunca percebemos, que foi nosso pré-julgamento e provavelmente nossa antipatia que provocou a reação do outro.

"O que o homem vê depende tanto daquilo que olha como daquilo que sua experiência prévia conceitual o ensinou a ver."[3]

Outras vezes, tornamo-nos antipáticos aos olhos dos outros sem que percebamos, e esses reagem da mesma forma, e não vemos que a antipatia do outro, é reflexo da nossa.

O olhar que temos de nós mesmos, muitas vezes é ilusório, criando dessa forma uma imagem “Boa” só para nós, e dessa forma, não compreendemos a interpretação do outro.

Muito do que pensamos, atrai espíritos simpatizantes, desse modo pode-se dizer que você atrai para si o bem... Ou o mau!

“Cuidar do que pensamos no palco da nossa mente, é cuidar da qualidade de vida. Cuidar do que sentimos no presente é cuidar do futuro emocional, do quanto seremos felizes, tranquilos e estáveis. A personalidade não é estática. Sua transformação depende da qualidade de arquivamento das experiências ao longo da vida.” [4]

Muitos leitores podem indagar : “ Mas existem espíritos maus que nos influenciam constantemente”

Bem... Eu poderia responder de que em contra partida também existem espíritos bons que nos influenciam para o bem, mas, vamos nos ater ao que Kardec nos diz:

“[...] se o mal existe, tem uma causa, umas o homem pode evitar e outras independem de sua vontade[...];Porem , os mais numerosos são aqueles que o homem criou para si , por seus próprios vícios , aqueles que provem do seu orgulho, de sua cobiça, de seus excessos em todas as coisas.”[5]

Na questão 754 de “O Livro dos Espíritos”: A crueldade não derivará da carência de senso moral?
“Dize que o senso moral não está desenvolvido, mas não que está ausente; porque ele existe, em princípio, em todos os homens; é esse senso moral que os transforma mais tarde em seres bons e humanos. Ele existe no selvagem como o princípio do aroma no botão de uma flor que ainda não se abriu.”

Sobre essa ótica voltamos ao inicio desse artigo e lembramo-nos da questão 919, onde somente quando termos consciência de quem somos, de como agimos, que poderemos afastar os possíveis inimigos.

O inimigo oculto esta dentro de nós, é nossos pensamentos, nosso modo de agir, e é desse “inimigo” que devemos tomar o máximo de cuidado, e só poderemos o afastar, com bons pensamentos, com compreensão e alteridade.

A reforma intima, o policiamento de nossos atos e pensamentos, afastam os inimigos encarnados, espirituais... E os ocultos.

"Os únicos demônios neste mundo são os que perambulam em nossos
corações, e é aí que as nossas batalhas devem ser travadas.” (Mahatma Gandhi)


Artigo publicado no Jornal “Clarim” em Outubro de 2011

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